sábado, 30 de janeiro de 2010

Estudos de Música


No dia 30 de Janeiro de 2005 o coro deu um concerto particular na Capela Mór dos Jerónimos, para um grupo estrangeiro, com um programa exclusivamente de autores portugueses (Lobo, Cardoso, Morago e Melgás).
Em 2009, na mesma data, iniciava-se o workshop de iniciação ao Canto Gregoriano. Desde a sua constituição como associação cultural sem fins lucrativos que o coro promoveu uma série de iniciativas de formação na área da música sacra, sob o título genérico de ‘Estudos de Música’.
Os Cursos Livres de Música Sacra, organizados entre 2003 e 2006, constituíram a iniciativa mais expressiva nessa linha, envolvendo uma média de 75 participantes por ano, e a colaboração de professores da Escola Superior de Música de Lisboa, da Escola Superior de Música do Porto, do Instituto Gregoriano de Lisboa, da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa (Centro Regional do Porto) e do Conservatório Regional de Música de Aveiro.
Em Maio de 2005, o Coro de Santa Maria de Belém organizou uma Master Class de Órgão, sob a orientação do Prof. Franz Josef Stoiber (Regensburg, Alemanha) e em Julho de 2006 o Workshop Internacional sobre Polifonia renascentista portuguesa, subordinado ao tema Três compositores, Três Instituições de Lisboa: Música de Pedro de Cristo, Filipe de Magalhães e Duarte Lobo, com o Prof. Owen Rees (Oxford, Inglaterra).
Em Junho de 2007, teve lugar a 2ª edição do Workshop Internacional sobre Polifonia renascentista portuguesa, orientado pelo Prof.Owen Rees, que contou também com um concerto pelo Queen's College Choir (Oxford).
Em Abril de 2008, teve lugar o primeiro Workshop sobre Técnica Vocal para Coros, orientado pela Prof.Ghislaine Morgan (Londres) e em Julho do mesmo ano, a 3ª edição do Workshop Internacional sobre Polifonia portuguesa , orientado pelo Prof.Owen Rees (Oxford).
No ano 2008-2009, teve lugar a 2ª edição do Workshop sobre Técnica Vocal para Coros (1 a 3 de Maio de 2009), orientado pela Prof.Ghislaine Morgan (Londres) bem como o Workshop de Iniciação Canto Gregoriano (30 de Janeiro a 1 de Fevereiro de 2009), orientado pela Prof.Mª Helena Pires de Matos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Cuba... devagar


Depois de tantos concertos dedicados a Diogo Dias Melgás, era tempo de ir cantar à sua terra natal. Concretizou-se o desejo num domingo de Janeiro de 2002. O concerto foi agendado para o final da tarde, para dar tempo ao coro de cantar na missa solene dos Jerónimos e deslocar-se até perto de Beja.
Para não faltar ao seu compromisso com a Igreja dos Jerónimos, o coro agendava todos os seus concertos fora de Lisboa para sábado à noite, o que implicava chegar a Lisboa noite dentro e estar dali a poucas horas a cantar na missa, ou então ao domingo à tarde, o que implicava ter um autocarro à saída da missa onde se metiam rapidamente as pessoas, as partituras, a estante, as roupas, os programas e os cd’s enquanto se comia qualquer coisa.
Foi essa a opção no dia 27 de Janeiro de 2002, mas algo não correu como o esperado e o coro chegou a Cuba do Alentejo depois da hora prevista para o concerto, o que foi um acontecimento verdadeiramente inédito em quase 20 anos. Não haveria ainda ligação directa por autoestrada e o motorista lá seguia diligente, mas os ponteiros do relógio iam à frente. Quando o coro chegou, a igreja já estava cheia, e o presidente da câmara sentado na 1ª fila!
O coro atravessou a nave com as roupas às costas, deixou tudo numa sala e voltou à Igreja para fazer um teste de colocação de menos de 5 minutos. Depois, foi só o tempo de vestir e iniciar o concerto. Por sorte, o programa havia sido apresentado na véspera à noite noutro concerto em Lisboa. A igreja era belíssima, e a forma como os coralistas vivenciaram este facto insólito contribuiu para uma atmosfera muito empática e inspiradora.
Há poucas semanas, quando me desloquei a Beja para falar num encontro diocesano de música litúrgica, percebi que o reitor do seminário era o pároco de Cuba em 2002. Depois destes anos, falou-me daquele concerto como um grande concerto que tinha lá havido em Cuba. Lembrava-se do envolvimento e da interpretação do coro... E recordou-me também o entusiasmo com que participámos no magnífico lanche que nos ofereceu no final do concerto.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

S. Tomás de Aquino


Na noite do sábado 26 de Janeiro de 2002 o coro deu um concerto na moderna Igreja de S. Tomás de Aquino, em Benfica, no âmbito das festas do padroeiro, cuja memória litúrgica se celebra a 28. Entre o reportório apresentado, integralmente de polifonia portuguesa a cappella, a maioria das peças era de Diogo Dias Melgás, destacando-se as turbas da Paixão Segundo S. Mateus, com a participação especial do tenor João Rodrigues, no papel de Evangelista. A admiração por este compositor alentejano que foi mestre de capela da Sé de Évora, levara já o coro a dedicar-lhe um ciclo de concertos no ano 2000, por ocasião do tricentenário da sua morte. Foi pois com grande entusiasmo que repetimos este programa no dia seguinte, nada mais nada menos que na sua terra natal, em Cuba, saíndo de Belém após a missa solene nos Jerónimos. Um fim de semana em cheio.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A vossa força Senhor


A Igreja celebra a 22 de Janeiro a memória de S. Vicente, diácomo e mártir. Em Lisboa tal celebração tem o ‘estatuto’ de solenidade, uma vez que S. Vicente é o padroeiro principal do Patriarcado, e a Sé acolhe um pontifical onde são veneradas as suas relíquias, na presença do presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
As liturgias do bispo contam geralmente com um coro formado por seminaristas, religiosas e paroquianos da Sé, que, por alguma razão, não estava disponível na celebração de 1994. E foi assim que o Coro de Santa Maria de Belém cantou no pontifical de S. Vicente, desse ano, a que presidiu o Cardeal D. António Ribeiro.
A iniciativa partiu do Cón. José Ferreira, uma figura incontornável da reforma litúrgica em Portugal, que dinamizou durante décadas e até há poucos anos as celebrações diocesanas.
Sob a sua direcção, o coro cantou nessa missa aquele reportório tão identificado com a Sé de Lisboa, como é o do Pe. Manuel Luís, sempre valorizado pela arte do Prof. Sibertin Blanc, a quem está confiado o grande órgão desde os anos 60.
Ficou na memória o intróito: «A Vossa força Senhor, alegra o justo com a Vossa salvação, o enche de alegria - Vós lhe deste o desejo do seu coração.»


quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

No Palácio

O Coro de Santa Maria de Belém apresentou-se ao longo dos anos quase exclusivamente em igrejas, porque foi a Liturgia o seu campo privilegiado de acção e porque o seu reportório nunca saiu das fronteiras (imensas) da música sacra e do reportório religioso de concerto. Uma das excepções a esta regra deu-se na tarde do dia 21 de Janeiro de 2001, na qual o coro se apresentou em concerto no Palácio Nacional de Queluz. A iniciativa partiu do Grupo Coral de Queluz, que cantou na primeira parte do concerto e nos recebeu ao fim da tarde na sua simpática sede, no Beco do Capucho, perto do palácio, onde outrora fora um lavadouro. No concerto, o coro de Belém cantou obras de Hassler, Palestrina, Melgaz e Rodrigues Esteves, e cantou em conjunto com o coro de Queluz o motete O Magnum mysterium de D. Pedro de Cristo.



terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Parabéns Emília!

Outra nota de tom mais pessoal, em poucos dias, para assinalar as bodas de prata de casamento de Emília Alves da Silva. E a razão desta nota aqui tem a ver com o facto de boa parte destes 25 anos ter sido conciliada com a Direcção Executiva do Coro de Santa Maria de Belém, a que presidiu a maior parte do tempo de existência da associação, já antes tendo integrado as direcções que geriam o coro. Essa conciliação implicou sacrifícios que não podemos avaliar, mas o empenho com que se dedicou ao coro, trouxe para junto de todos nós um património humano que hoje é indissociável do imaginário do coro. O seu marido, os seus sete filhos, os seus pais, os seus tios e as suas irmãs estiveram sempre por ali, mais perto ou apenas à vista, emprestando-nos as suas alegrias e as suas tristezas, os seus talentos, o seu sentido prático, enfim, uma boa parte da sua vida. E ao relembrar o coro, eles estão também todos lá. Por isso, o mínimo que podemos dizer hoje é: Parabéns e obrigado!


domingo, 17 de janeiro de 2010

In memoriam

As instituições são feitas de pessoas. Por isso a esfera do institucional e a esfera do pessoal tantas vezes interagem. Daí o sentido desta nota, dedicada a Graça Janz. Já tinha deixado o coro há algum tempo, por razões de saúde, mas mantinha-se uma ligação e várias vezes colaborou na organização de eventos, como os workshops. Presidiu durante anos, e com que ‘profissionalismo’, à Assembleia Geral da associação. A sua curiosidade ficou para a história num dos episódios mais pitorescos da vida do coro, quando, no intervalo de uma gravação experimental na Igreja de São Luís dos Franceses, foi ‘ver’ o presépio e partiu umas figuras… Confessou prontamente ao reitor «A l’un, je l’ai cassé la tête. A l’autre les pieds.» Ao que o reitor concluiu, olhando com perplexidade os reis magos « Madame, vous êtes dangereuse!».
Partiu num domingo, dia da Ressureição, deixando-nos o sorriso sereno de sempre.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Requiem

A 15 de Janeiro de 2000 o coro cantou uma missa de requiem nos Jerónimos, por D. Maria de las Mercedes de Bórbon. Organizada pela Embaixada e pelo Reitorado de Espanha, a missa foi presidida por D. José Alves, na altura Bispo Auxiliar de Lisboa. Foi a primeira abordagem, parcial, à Missa de Requiem de F. Anerio, complementada com o ordinário gregoriano e o motete Sicut Cervus desiderat de G. P Palestrina.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Pelo dom da ubiquidade

A 13 de Janeiro de 2002 o coro voltou a cantar na Festa do Baptismo do Senhor nos estúdios da RTP, mas desta vez organizou-se para chegar a Belém a tempo da missa solene dos Jerónimos, às 12h. Um teste à destreza dos condutores.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Missas na RTP

Nos quase 20 anos de existência do Coro de Santa Maria de Belém, poucas foram as vezes em que participou em missas transmitidas pela televisão. E isto por várias razões. Primeiro, pelo pouco entusiasmo dos seus responsáveis por meios técnicos de captação e trasmissão de som em contextos onde a música tem um caracter acessório. Depois pela situação algo peculiar de celebrar num estúdio onde o coro era a única assembleia. Finalmente, e esta razão era a mais importante, porque o coro muito raramente faltava à sua missa na igreja dos Jerónimos às 12h, como aconteceu no dia 10 de Janeiro de 1999, no qual o coro cantou pela primeira vez nos estúdios da RTP. Cantou em duas missas seguidas, uma para a RTP e outra para a RTPi, com uma breve pausa pelo meio. Era, como hoje, o domingo da Festa do Baptismo do Senhor. Das outras vezes, poucas, em que voltou aos estúdios da RTP, o coro cantou apenas na primeira missa, indo de seguida para Belém, a tempo da missa solene, enquanto outro coro assegurava a segunda missa.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O que vamos cantar para o ano?

Os primeiros dias de Janeiro a seguir o Concerto de Reis eram dias de viragem para uma nova etapa. Por mais que o coro funcionasse por anos escolares, era o Concerto de Reis que marcava a transição para um novo ciclo. Estes dias continham uma mistura de emoções provocada pela memória recente do concerto, pelas arrumações, pelo balanço e pela definição de novas metas. Por mais que apetecesse descansar, só não havia ensaio na 2ª feira imediatamente a seguir ao concerto, mas na 5ª lá estávamos a preparar a liturgia dos domingos seguintes. Havia sempre peças novas nestes primeiros ensaios, para manter o ritmo e fazer perceber aos coralistas que novos sucessos só seriam possíveis com novo e árduo trabalho a iniciar imediatamente. Quem costumava tirar uns dias para descansar perdia sempre uma parte substancial da aprendizagem de novos materiais. A pergunta que mais se ouvia era - o que vamos cantar para o ano? Mas o calendário do ano litúrgico e as outras actividades agendadas não deixavam que esta pergunta ficasse a pairar por muito tempo. Entrava-se em cheio nos programas de Páscoa até ao dia em que era anunciada a peça do ano seguinte e recomeçava o ciclo.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Magnificat


Um dos acontecimentos mais marcantes na vida do Coro de Santa Maria de Belém foi, sem dúvida, a apresentação do Magnificat de Bach no Concerto de Reis de 8 de Janeiro de 2006, com a orquestra barroca Divino Sospiro, sob a direcção de Enrico Onofri. Tendo em conta que se tratava de um coro amador, a junção com este agrupamento profissional especializado em música antiga, numa obra de grande exigência, recebeu críticas muito positivas. Tal ficou a dever-se tanto à preparação prévia do coro como à genialidade do maestro e à assertividade com que impôs a sua linha interpretativa singular. Neste concerto foi ainda apresentado o Gloria de Vivaldi, que o coro havia cantado em 1999.



Também a 8 de Janeiro, mas do ano 2000, o coro deu um Concerto de Reis mas na Igreja da Graça, em Lisboa, repetindo o programa apresentado nos Jerónimos na semana anterior.
Este é o ultimo dia do calendário em que se faz referência aos concertos de reis. Com efeito, as 14 edições do Concerto de Reis decorreram de 1996 e 2009 entre o dia 2 e o dia 8 de Janeiro. Os registos que aqui deixamos, pretendem sublinhar aquela que foi porventura a actividade mais destacada na vida do coro, pelo reportório apresentado, os intérpretes que se reuniram, e toda a organização de suporte, nomeadamente ao nível da captação de recursos e da logística, sem secundarizar minimamente aquela que era a sua actividade base, a presença domingo após domingo na liturgia solene dos Jerónimos, procurando promover uma prática liturgico-musical adequada a um espaço tão excepcional.
Um insuspeito músico disse, há pouco, que o Coro de Santa Maria de Belém era uma vitória do povo. Tendo em conta que se constituiu a partir de uma base local, totalmente voluntária, desde os coralistas à direcção, demonstrou efectivamente um empreendedorismo invulgar e uma capacidade de realização gratificante para quantos deram o seu contributo.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ainda os Reis

Foi a 7 de Janeiro que se realizou pela 1ª vez o Concerto de Reis nos Jerónimos. Estávamos em 1996, longe de imaginar que este concerto iria constituir um dos maiores desafios do coro. Iniciando com um programa a cappella, o coro contou depois com a colaboração de Ana Serro, soprano, em reportório para coro e solista de Mozart, com Carlos Silva Pereira ao órgão. A presença destes dois músicos também na Missa do Galo, durante 3 anos sensivelmente, muito contribui para uma opção em matéria de pastoral de música e liturgia que se veio a consolidar naquela missa, com a apresentação ano após ano de breves missas clássicas com o Ensemble de Santa Maria de Belém.
Na mesma data, mas no ano 2001, o Concerto de Reis nos Jerónimos contou pela primeira vez com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, que apresentou com o coro o Magnificat de Buxtehude e o Oratório de Natal de Camille Saint-Saëns.



Ainda a 7 de Janeiro teve lugar a edição de 2007, que foi a vários títulos uma edição original. Celebravam-se nesse ano os 200 anos da morte de Michael Haydn e pareceu ser a oportunidade para fazer uma missa de sua autoria com o título de Missa de S. Jerónimo, que constitui, a par do Requiem em Dó menor, uma das composições mais relevantes deste compositor infelizmente pouco conhecido e com uma vastíssima obra sacra.
Esta missa, em particular, destaca-se por um orgânico fora do comum, com seis oboés (dois solistas e quatro dobrando vozes), dois fagotes, três trombones e baixo contínuo (órgão e 3 contrabaixos!).
A importância excepcional da música na vida da cidade de Salzburg é atestada desde meados do século V e foi aí que Mozart e Michael Haydn compuseram séculos mais tarde a maioria das suas missas, ofertórios, vésperas, litanias, motetes e sonatas de igreja, que eram executadas no ambiente esplendoroso da catedral. Os testemunhos da época atestavam a singularidade do contexto: «A nossa música de igreja é muito diferente da de Itália e é-o cada vez mais; assim, uma Missa com Kyrie, Gloria, Credo, Sonata depois da Epístola, Ofertório ou Motete, Sanctus e Agnus, mesmo na missa mais solene, a que é dita pelo próprio príncipe… não deve durar mais de três quartos de hora.»
Procurando reconstituir o alinhamento de uma missa clássica executou-se também o ofertório Timete Dominum MH 256, composto para a mesma ocasião, e uma sonata 'da epístola' de Mozart, que se usava como prelúdio instrumental ao Evangelho.
O ofertório foi-nos acessível na pessoa de Eric Baude-Delhommais, Director Artístico do Ensemble Philidor (Tours) e a sonata foi reorquestrada para o orgânico da missa por Eugénio Amorim, Maestro da Sé Catedral do Porto.

Este concerto teve captação e transmissão em diferido da Antena 2.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Dia de Reis

Em 14 edições, o Concerto de Reis realizou-se 2 vezes no próprio Dia de Reis, em 2002 e em 2008, quando esse dia coincidiu com o domingo.
Da primeira vez, em 2002, o Coro apresentou a Missa da Coroação de Mozart e a cantata Ich freue mich in dir BWV 133 de Bach, com a Orquestra de Cascais e Oeiras, sob a direcção de Nicolay Lalov. Foi a última vez que o concerto se realizou na 1ª localização, à frente do altar, pois havia tanto público à frente como atrás do coro e da orquestra, e foi necessário acomodá-lo inclusivamente na Capela-Mor. A partir deste ano os interpretes passaram a ficar à entrada da Capela-Mor.



Em 2008, o coro apresentou-se com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, sob a direcção de Jorge Matta. A colaboração com a OML implicou a participação em 3 concertos de Natal nos dias anteriores (Igreja de S.Domingos, a 20 de Dezembro, Igreja da Graça, a 21 e Igreja de Sta.Maria Madalena – Turcifal, a 22), que trouxe a vantagem de rodar o reportório e não ter de se pagar à orquestra pelo concerto de Belém, mas trouxe também um grande cansaço ao coro, que teve pelo meio destes concertos de assegurar as missas de Natal, incluindo a apresentação de uma missa clássica com orquestra na Missa do Galo.
A edição de 2008 pretendeu assinalar os 150 anos no nascimento de Giacomo Puccini, com a famosa Messa di Gloria, a primeira e única incursão do Coro de Santa Maria de Belém em ambiências operáticas, mas com enorme interesse e entusiasmo por parte dos coralistas. Foi também nesta edição que o coro se apresentou com a orquestra de maiores dimensões, face ao que era habitual quando apresentava reportórios barroco e clássico.
O programa do concerto abriu com o conhecido Concerto grosso fatto per la notte di Natale op.6 n.8 de A. Corelli (1653-1713), que o Ensemble de Santa Maria de Belém apresentou várias vezes antes, durante e depois da Missa do Galo.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

De Hassler a Handel

A 5 de Janeiro de 1997 o Concerto de Reis ia ainda na sua 2ª edição e nesse ano foi a única vez que o coro se apresentou a capella nesse evento, num programa onde se destacava a Missa e o Motete Dixit Maria de Hans Leo Hassler que o coro apresentou várias vezes em concerto. Cantou também 4 natais populares portugueses com harmonizações de Mário de Sampayo Ribeiro e Manuel Faria, e o Tollite hostias do Oratório de Natal de Saint-Säens. Foi um programa modesto, quando comparado com as edições seguintes, mas eram tempos onde era prioritária a definição de uma identidade vocal e o dinamismo para congregar meios ainda não estava suficientemente treinado.
Mais tarde, em 2003, o coro apresentou-se também a 5 de Janeiro com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, com a qual manteve uma colaboração durante cerca de 3 anos. Desta vez foi a apresentação do Messias e uma hora antes do concerto a fila chegava ao Museu da Marinha. O entusiasmo foi transbordante. Foi a partir deste concerto que se iniciou também uma linha gráfica de cartazes de produção ‘doméstica’, inspirados na capa da partitura do Messias da Oxford U. Press, que se prolongaria até 2009 e se afirmaria como uma marca dos concertos do coro. Na convicção de que as tradições também se criam, e não apenas se herdam, este concerto passou a identificar-se como Tradicional Concerto de Reis da Igreja dos Jerónimos.


Este concerto foi seguramente determinante no crescimento do coro, tanto no ponto de vista musical como enquanto entidade promotora na área da música sacra, pois nos anos que se seguiram o nível de exigência teve um claro incremento.
A edição de 2003 trouxe também consigo uma mudança logística, pois até aí os concertos realizavam-se à frente do altar (então localizado na zona do cruzeiro) já na transição para a nave principal, mas a enorme afluência de público fazia com que, à ultima hora, fosse necessário sentar a assistência também na zona do cruzeiro, ficando atrás do coro. Em 2003 experimentou-se uma nova localização, que se manteria até ao fim, que era à entrada da capela mor, com o coro elevado e a orquestra em baixo no espaço entre o estrado do altar e a capela mor. Conseguia-se assim acomodar melhor o público e oferecer melhores condições de audibilidade a todos quantos se sentavam na zona do cruzeiro, nas capelas laterais e nos primeiros bancos da nave central. Quanto ao fundo da igreja persistiram sempre as ‘queixas’ de que o som chegava em condições deficitárias, o que se compreende pela vastidão do templo cheio de pessoas (nos bancos e em pé). Os solistas ficavam sempre apreensivos com o efeito de distância e até de quebra acústica do grande estrado de alcatifa do altar, mesmo à frente dos executantes, que era de facto quase uma barreira, mas no fim dos concertos rendiam-se à mística do espaço e do evento bem como ao interesse do público.
Essa mudança de localização acarretou uma logística mais exigente e musculada, e confrontou o coro com a necessidade de cantar na missa anterior, ao meio dia, já no estrado do concerto, sem o conforto da orquestra e o apoio dos reforços.


O programa dos concertos de Reis foi algumas vezes repetido em parte ou na totalidade noutras igrejas, como aconteceu nos anos em referência, pois o concerto de 1996 foi antecedido de uma apresentação na Igreja da Graça, em Lisboa, a 5 de Janeiro. E a colaboração com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras levou o coro a várias igrejas dos concelhos de Cascais e Oeiras, em concertos no mês de Dezembro, o que constituiu uma mais valia na optimização de recursos mas também uma sobrecarga de responsabilidade na agenda do coro.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Te Deum

A 4 de Janeiro de 1998, teve lugar a 3ª edição do Concerto de Reis nos Jerónimos, que foi a primeira a contar com uma formação instrumental, os Metais de Lisboa, e a fazer a viragem para os posteriores concertos com coro e orquestra.



O concerto iniciou-se com uma parte com coro a capella, onde se cantaram alguns motetes e alguns natais populares, seguiu depois com uma parte instrumental, com obras renascentistas que trouxeram à acustica dos Jerónimos ambiências equivalentes à da Basílica de S. Marcos em Veneza , e concluiu com uma Missa para coro e quarteto de Metais de Wolfram Menschick, mais tarde executada numa missa festiva. O nome deste compositor, na altura Mestre Capela e organista da Catedral de Eichstätt, na Alemanha, viria a ser muito familiar ao coro, pelo uso frequente das suas missas em estilo alternado, sobre materiais gregorianos, com destaque para as missas Lux et Origo, De Angelis e Missa Mundi, que se cantavam abundantemente no decurso do ano litúrgico.
Também a 4 de Janeiro, mas de 2004, o Concerto de Reis nos Jerónimos contou uma vez mais com a Capela Real e a direcção de Stephen Bull, desta vez num programa dedicado aos 300 anos sobre a morte de Marc Antoine Charpentier. Cantou-se o Te Deum H. 146, cujo prelúdio inicial é sobejamente conhecido por ser indicativo das transmissões da Eurovisão, antecedido de um belíssimo Magnificat, para coro duplo, e o motete In nativitatem Domini Canticum H. 314, mais tarde cantado em concertos e na própria liturgia de Natal. Apesar da determinação do Te Deum, na tonalidade de Ré Maior que o próprio compositor descreve como alegre e muito guerreira, este foi um concerto marcado pela subtileza de Charpentier, referido no Jornal de Trevoux, pouco tempo após a sua morte, como tendo le talent si rare d’exprimer par les tons de la musique le sens des paroles et de toucher.
A realização destes concertos nunca secundarizou a missa da solenidade da Epifania onde o coro cantava poucas horas antes. Afinal, a ideia do concerto era prolongar o ambiente festivo a partir da Liturgia, mas a complexidade dos programas exigia uma logística difícil de implementar na transição da missa para o concerto e era necessário manter os coralistas empenhados, tanto na participação na missa como no apoio às multiplas tarefas inerentes à organização do concerto.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Concerto de Reis

A 3 de Janeiro de 1999, o coro cantou pela primeira vez com instrumentos antigos, apresentando o conhecido Gloria de Vivaldi com a orquestra barroca Capela Real, dirigido por Stephen Bull. Foi grande o entusiasmo neste primeiro Concerto de Reis com orquestra e logo numa interpretação historicamente informada. A abrir o concerto, a orquestra tocou o Concerto grosso sobre uma sonata de Corelli op.1 em Ré M de F. Geminiani (1687-1762) e o Gloria foi antecedido pela introdução Ostro picta, armata spina RV642, para soprano e orquestra.



Também a 3 de Janeiro (de 2009) teve lugar a 14ª e última edição do Concerto de Reis, onde se apresentou pela 2ª vez em Belém o Messias de Händel, mas desta vez com instrumentos antigos. Crê-se, aliás, que tenha sido a primeira vez que esta obra foi apresentada em Portugal por agrupamentos portugueses em instrumentos barrocos.
Desde há alguns anos que se tinha começado a usar o formato Coro & Ensemble de Santa Maria de Belém, quando o coro surgia com um agrupamento instrumental de formação variável e adaptado às características de cada reportório. Este concerto contou com uma formação instrumental e um elenco de cantores solistas de luxo, em boa parte graças à especial colaboração e ao empenho de Miguel Jalôto, que vinha colaborando com a Direcção Artística. A orquestra foi liderada por Lilia Slavny (concertino), e aos já habituais solistas Orlanda Isidro, João Rodrigues e Hugo Oliveira juntou-se o extraordinário contratenor holandês Maarten Engeltjes.
Ambos os concertos foram dos mais concorridos no que respeita ao público, e a edição de 2009 experimentou pela 1ª vez um horário diferente, ao antecipar para sábado à noite o concerto, uma medida que claramente procurava conciliar esta oferta com o turismo, cuja pressão durante as tardes de domingo era muito difícil de gerir.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Adeste fideles

Os primeiros dias do ano foram sempre para o coro dias de grande azáfama, desde que lançou a iniciativa do Concerto de Reis em 1996. A ideia era assinalar a principal festa da Igreja dos Jerónimos tendo em conta não a data da sua dedicação (que se desconhece), mas a data do lançamento da 1ª pedra do mosteiro, a 6 de Janeiro em 1501. O concerto seria como que uma ressonância da liturgia da solenidade da Epifania, que a Igreja celebra em Portugal no domingo mais próximo do dia 6.
Estava-se longe, nas primeiras edições, do acontecimento que veio a constituir este concerto, que era, no ciclo anual de vida do coro, aquele que representava a maior mobilização de meios humanos, logísticos e financeiros (esta a maior dor de cabeça da organização) a partir do momento em que se passou a fazer reportório coral sinfónico com a colaboração de várias orquestras. Mas a afluência de público, que enchia por completo a vasta igreja dos Jerónimos, justificava esse investimento, que foi também durante vários anos um pretexto de desenvolvimento do coro a nível musical.
O reportório era lido em geral antes do Verão e consolidado entre Outubro e Dezembro. Na última quinzena de Dezembro começavam os ensaios com orquestra e tudo tinha de ser preparado tendo em conta também a preparação das celebrações do Natal, em especial a da Missa da Meia Noite, e a Passagem de Ano, com a mobilidade que sempre há nesta altura do ano. O maior desafio de agenda era fazer o Concerto de Reis logo no dia 2 de Janeiro, como aconteceu no ano 2000 e em 2005.
No ano 2000, o coro apresentou-se pela 2ª vez com os Metais de Lisboa e o organista António Esteireiro, num programa dedicado a Natais Populares da Tradição Europeia, que deu origem ao 1º CD do coro, Natal em Belém, gravado em Junho desse ano na Sé Patriarcal. Estávamos no ano do Grande Jubileu do Nascimento de Cristo, e o 10º de actividade do Coro de Santa Maria de Belém. Os arranjos para quinteto de metais e órgão eram na sua maioria de Sir David Willcocks, recolhidos nas edições da Oxford University Press, e a ideia deste programa foi claramente inspirada no concerto The Bach Choir Family Carols que tem lugar no Royal Albert Hall em Londres. Para este concerto, o coro contou com a colaboração especial de Eugénio Amorim, no tratamento de dois natais portugueses (Alegrem-se os céus e a terra e o Natal da Índia Portuguesa) e contou também com a colaboração de Fernando Melro na adaptação para português de um Natal francês com arranjo de Andrew Carter. O CD viria a contemplar as transcrições para órgão desses arranjos, tocadas pelo organista António Mota.



Foi neste concerto que se convidou pela 1ª vez a assistência a cantar o Adeste Fideles, que a partir daí se passou a cantar sempre no final dos concertos de Reis. Também a partir daí se passou a usar na Liturgia da Igreja dos Jerónimos a versão de Sir David Willcocks deste popular hino atribuído a D. João IV e que é geralmente conhecido como the portuguese hymn.
Cinco anos mais tarde, a 2 de Janeiro de 2005, teve lugar a 10ª edição do concerto de Reis na qual o coro apresentou a oratória Judas Maccabaeus, de Händel, um vasto fresco bíblico com alguns coros muito populares. Foi a 3ª vez que o coro se apresentou com instrumentos antigos em concerto de Reis e também a 3ª colaboração com a Capela Real no Concerto de Reis. Depois da apresentação do Messias dois anos antes, os oratórios de Händel pareciam adaptar-se na perfeição ao figurino deste Concerto de Reis.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Nota Biográfica

O Coro de Santa Maria de Belém foi fundado em 1990 com o propósito de participar na liturgia solene da Igreja dos Jerónimos e constituiu-se numa associação cultural sem fins lucrativos empenhada em promover uma prática musical litúrgica adequada à natureza excepcional daquele espaço.
Os seus membros assumiram a missão, e também o privilégio, de poder executar, ensinar e manter vivo um imenso património musical no contexto próprio em que foi criado, fomentando uma programação baseada no ecletismo de formas e estilos musicais.
Para além de cantar todas as semanas na liturgia dos Jerónimos, o coro apresentou-se regularmente em concertos em Lisboa e noutros pontos do país, tanto a cappella como com formações instrumentais adequadas a cada reportório, nomeadamente a Orquestra Metropolitana de Lisboa, a Orquestra Barroca Divino Sospiro, a Orquestra Barroca Capela Real, a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras e o Ensemble de Santa Maria de Belém.
O reportório do coro contemplou uma grande variedade de missas e motetes de vários estilos, bem como peças de concerto onde se destacam obras como o Magnificat de Bach, Messias e Judas Maccabeus de Haendel e a Messa di Gloria de G.Puccini.
O Coro de Santa Maria de Belém foi dirigido por maestros como Enrico Onofri, Jorge Matta, Stephen Bull e Nicolay Lalov. Convidou também para acções de formação personalidades como Owen Rees, Ghislaine Morgan e Mª Helena Mires de Matos.
As suas actuações proporcionaram a oportunidade de colaboração com jovens solistas, onde se destacam Elsa Cortez, Hugo Oliveira, Joana Seara, João Rodrigues, Maarten Engeltjes, Orlanda Isidro, Paula Pires de Matos, Rui Baeta, Sandra Medeiros e Susana Teixeira.
Realizou digressões a Itália, Inglaterra, Alemanha e Espanha e editou vários discos.
A orientação artística de todo este trabalho esteve a cargo de Fernando Pinto, que fundou e dirigiu o coro, sendo assistido desde 1995 por Miguel Farinha.

Coro de Santa Maria de Belém - in memoriam

Os autores deste blogue propoem-se escrever algumas notas sobre o Coro de Santa Maria de Belém ao longo do ano de 2010, lembrando os acontecimentos mais significativos decorridos entre 1990 e 2009. Convictos de o Coro de Santa Maria de Belém constituiu uma experiência singular, aqui deixam, ao ritmo de um diário, algumas memórias como contributo para a história desta instituição.