sexta-feira, 29 de outubro de 2010

A última assembleia geral

Há um acontecimento determinante na vida do coro sobre o qual não devo escrever, pois saí antes. Trata-se da assembleia geral que deliberou a sua extinção e na qual participei apenas na minha condição de associado. Ainda assim, e para este blogue ficar o mais completo possível, a nota que segue foi escrita pela pessoa que, a essa data, tinha as funções de Presidente da Direcção Executiva, a quem agradeço mais esta colaboração.

«Desde o dia 1 de Outubro de 2009, data em que o maestro comunicou ao coro a sua decisão de se demitir, estabeleceu-se uma situação de indefinição quanto ao futuro do CSMB. Foi portanto convocada uma Assembleia Geral, que teve lugar a 29 de Outubro. Nessa ocasião os elementos da Direcção Executiva apresentaram a sua demissão solidária com a da Direcção Artística. A própria Mesa da Assembleia também se viria a demitir em ponto prévio à agenda da reunião...
Sentia-se, de uma forma quase palpável, a perplexidade e tristeza provocadas pelos últimos acontecimentos. E, neste clima
iniciou-se a reunião na qual deveriam ser encontradas, segundo a agenda, "alternativas para ultrapassar o impasse" em que se encontrava a Associação...
O projecto do Coro de Santa Maria de Belém, iniciado em 1990 (ainda não como associação) fora sempre imbuído de um espírito muito especial, tinha metas bem determinadas e caminhara para elas lentamente mas de forma sustentada e segura. Agora, inesperadamente, tudo se tinha alterado e a ninguém parecia possível continuar sem a orientação quanto às opções
musicais e forma de estar que, há quase vinte anos, eram a própria essência do coro. A proposta de extinção da associação surgiu naturalmente.
Alguém chegou a pôr a hipótese de o coro continuar a sua actividade sob a direcção de outro maestro, adaptando-se às novas condições no espaço da igreja. No entanto, uma vez que o director artístico, não tomara a decisão de se demitir do seu cargo por teimosia ou "birra", mas sim por entender que as condições impostas iriam prejudicar o bom desempenho do coro na igreja,
esta ideia pareceu absurda: seria razoável escolher continuar com outro maestro que aceitava pôr o coro em condições desfavoráveis? Além do mais, não houve entre os associados quem, individualmente ou em grupo, se achasse capaz de levar por diante toda a organização, gestão e promoção de um projecto que, do inicial, já só teria o nome e a aparência (e mesmo essa certamente não tardaria a ser alterada...).
Após todas estas reflexões e considerações foi aprovada por maioria, a extinção da associação e a doação do seu património à Congregação das Irmãzinhas dos Pobres. Uma obra vale não só pela qualidade do trabalho realizado e pela satisfação pessoal dos que nela estão envolvidos mas, sobretudo, pelos caminhos e horizontes que abre aos que seguem na mesma direcção...»

Maria Emilia Alves da Silva

Sem comentários:

Enviar um comentário