segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Na estrada

O dia 2 de Agosto de 2009 foi um dia intenso. Saímos de Londres pela manhã, a caminho de Oxford onde tinhamos agendado um concerto à hora do almoço na capela do Queen’s College. Tinhamos à nossa espera o Prof. Owen Rees que nos recebeu com todo o empenho. Depois de conhecidos os locais para mudas de roupa, fizémos o nosso ensaio de colocação na capela e o organista que nos acompanhou de Lisboa testou as possibiliddes do órgão. Seguiu-se um breve tempo para enganar a fome e os preparativos finais para o concerto.







Contrariamente ao que esperava, a igreja encheu-se por completo, embora não soubesse na altura a qualidade dessa audiência, pois só depois do concerto é que Owen Rees me falou dos convites que tinha feito, no meio musical da cidade, e que as pessoas não só tinham vindo como tinham gostado bastante: « Many thanks once again for your lovely concert at Queen's. As I mentioned, I received many favourable comments from the audience. Owen Rees, Director of Music, Queen's College, Oxford». E juntava uma mensagem: «We very much enjoyed it; congratulations to the Coro. The schedule looks quite formidable. Leofranc Holford-Strevens, Editor-Consultor, Oxford University Press, Oxford».

O programa procurava ilustrar música portuguesa dos períodos renascentista e barroco, com uma modesta incursão à música do Séc. XX, com Carrapatoso em coro a cappella e duas magníficas peças de órgão de Luis de Freitas Branco.
À saída havia, de facto, um ambiente muito reconfortante e foi-me apresentada uma senhora que escrevia crítica musical e me deu conta do seu apreço pelo concerto. Mais tarde li a sua crítica: «The choir’s luxuriant sound, unmarred by vibrato, rang into the building’s structure. This was surely a celebration of the human voice.
The choir has a large repertoire, has performed widely and has made recordings. Pinto’s work is profound and detailed, his singers showing a deep understanding of both the musical- and verbal text. Their performance was superb.» Para ver a crítica completa, http://pamelahickmansblog.blogspot.com/2009/08/portuguese-sacred-music-performed-at.html.
Mas o tempo era escasso. Esperava-nos um segundo concerto no sul, quase ao pé de Brighton. Rápidas despedidas e aí estávamos de novo na estrada. Eram quase 5 horas quando chegámos a Arundel, uma localidade pacata com o seu castelo e a sua catedral neogótica. Aí nos esperava o Renaissance Choir, que tinhamos acolhido nos Jerónimos um ano antes.
Em sequência rápida, tivémos novo ensaio de colocação, com as malas espalhadas pela igreja onde calhava, teste a um novo órgão, ensaio das duas peças conjuntas com o outro coro, ida para o local onde trocámos de roupa, e regresso à catedral, para actuar, em cortejo pela rua fora.
A abrir o concerto, a Presidente da Câmara deu-nos as boas vindas. Repetimos o programa do concerto de Oxford mas com uns cortes, pois o coro que nos recebia também cantou algumas peças. Recordo com particular interesse o momento da reentrada do coro após o intervalo, ao som da peça de Freitas Branco. No fim, e à semelhança do que tinha acontecido em Belém, os coros cantaram em conjunto duas peças, uma dirigida por mim e outra por Peter Gambie.
A seguir o Renaissance ofereceu-nos uma óptima ceia, onde pudémos conviver e recuperar calorias, para além das habituais trocas de presentes e peça de agradecimento.







O regresso fez-se noite dentro, cansados mas felizes. À medida que se aproximava o fim da digressão o ambiente ia ficando mais descontraído, e permitimo-nos vir a cantar no autocarro aquelas coisas leves com mímica e tudo.
Faltava uma celebração, na tarde do dia seguinte, que já não traria particular novidade.
A sintonia e a coesão do grupo não podiam estar melhor.

Sem comentários:

Enviar um comentário