segunda-feira, 27 de setembro de 2010

As folhas da assembleia

Continuando a falar das acções de melhoria geralmente implementadas no início do ano pastoral, no regresso do coro à participação regular na liturgia após a interrupção para férias, deixamos hoje uma referência às folhas da assembleia, ou seja, aos subsídios produzidos para apoio à participação da assembleia na liturgia através do canto e da música.
Quem siga este blogue e não tenha conhecido muito de perto o trabalho do coro, até poderá ser levado a pensar que a assembleia não constituia para este uma prioridade. Nada de mais errado. O que se considerou sempre foi que, havendo um coro e uma assembleia, o papel de ambos não deveria ser o mesmo, mas distinto e convergente. E por isso a posição do coro foi sempre a de quem podeira proporcionar à assembleia um nível de participação que não se esgostava no cantar. A esse nível, cantou sempre com esta as respostas no diálogo com o presidente e os refrães que a maioria dos hinos, mesmo os mais elaborados, sempre contemplavam, a pensar no canto da assembleia.
Mas, noutro patamar, tendo o coro a possibilidade de cantar reportório coral, a sua preocupação foi também a de apoiar a participação da assembleia numa perspectiva menos directa mas nem por isso menos importante. Falamos da participação através da escuta orante, do convite à interioridade e à reflexão, que Santo Agostinho ilustrou como ninguém quando disse, numa referência já citada neste blogue: Como eu chorei ao ouvir os vossos hinos, os vossos cânticos, as suaves harmonias que ecoavam pela vossa igreja! Que emoção me causavam! Passavam pelos meus ouvidos, derramando a verdade no meu coração.Um grande impulso de piedade me elevava, e as lágrimas rolavam-me pela face; mas faziam-me bem. (Conf. 9, 6, 14).


Para sustentar esta interacção entre coro e assembleia, que passava por cantar em conjunto as partes da assembleia e oferecer a esta momentos estratégicos de escuta, o coro produziu desde a sua primeira participação numa missa, as ditas folhas da assembleia, que continham basicamente os refrães para o canto directo da assembleia e outros elementos informativos, como o nome das peças que o coro cantava, as traduções de todas as obras que não eram em português e também, a partir de um certo momento, os próprios textos das antífonas e todas as partes que o coro cantava, mesmo em português, para facilitar a compreensão dos mesmos num espaço de grandes dimensões e com uma acústica complexa.

As folhas da assembleia começaram por ser em formato A6, contendo apenas os refrães. As primeiras não tinham logo, mas ao fim de uns tempos adoptou-se o desenho dos Jerónimos, com umas nuvens, que fomos retirar às folhas paroquiais dos anos 60. Ainda me lembro de ver colar quatro imagens numa folha A4, nos tempos em que não havia scaner e era tudo a tesoura e cola.

A inovação começou nos dias de festa com uns cadernos A5 com texto e música dos refrães e traduções de peças em latim, com os títulos Natal em Belém e Páscoa nos Jerónimos, mas também os havia no Pentecostes e num ou outro dia mais solene.
No Jubileu do Nascimento de Cristo produzimos um Guião, impresso em tipografia, com letra e música de refrães para os diversos momentos da missa e para as várias etapas do ano litúrgico. Usou-se ainda depois mais um ano ou dois, numa lógica semenhante ao dos livros de assembleia dos países da Europa do Norte, apenas com a diferença de que não projectavamos o número dos cânticos, mas publicavamo-los na folha paroquial.
As folhas da assembleia não eram produzidas pelo coro mas pelo Serviço de Música Sacra e passaram, desde o ano 2000, a servir todas as missas pelas quais este era responsável.

A seguir ao guião, vieram umas folhas A4 com pautas e títulos graficamente inspirados no Novo Cantemos Todos. Estas folhas continham apenas os cânticos do próprio e ao seu lado foram produzidos uns opusculos A5 com os cânticos do ordinário. As primeiras serviam apenas para cada domingo, enquanto que os segundos ficavam de domingo para domingo só sendo mudados quando mudava o tempo litúrgico. As suas capas tinham cores alusivas ao decurso do ano litúrgico e aos paramentos usados em cada tempo.
As folhas A4, que eram comuns a várias missas, indicando aquilo que se se fazia de comum e de diferente, tiveram depois uma alteração gráfica no sentido de se tornarem menos pesadas, e também para adoptar o logotipo que a paróquia entretanto passou a usar.

Estas folhas só foram substituidas em Setembro de 2008, por umas folhas A4 dobradas (pequeno caderno A5), com todos os textos e músicas dos refrães, e referências às leituras. Era feita uma especial para a missa solene, em que o coro participava, outra para as outras missas e uma que se usava mais de uma semana para a missa da catequese, que tinha um reportório diferente.
Esta ultima modalidade tinha inspiração mais directa nas folhas da Catedral de Westminster, em Londres, enquanto que as anteriores eram mais parecidas com as folhas da Notre Dame de Paris, tal como eram as das Vésperas Solenes, que seguiram sempre um figurino muito parecido com as da catedral parisiense.
A sequência destes diversos subsídios fica para a história como sinal da preocupação com o envolvimento e a participação da assembleia, através do canto e da escuta orante.

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