quarta-feira, 31 de março de 2010

Step by step


No longínquo ano de 1994, o coro ia introduzindo algum reportório em latim nas celebrações. Nesse dia celebrou-se a Missa da Ceia e o coro cantou o modestíssimo motete O memoriale de G. P. Palestrina. A figura deste compositor, que a Igreja associou desde o Concílio de Trento à santidade e perfeição de forma que a Música Sacra deve ter, viria a ser também para o coro uma referência fundamental, pelo património que deixou e pelo testemunho. Step by step…

terça-feira, 30 de março de 2010

Westminster Cathedral


De amanhã a domingo, as notas neste blogue serão publicadas a partir de Londres, onde o autor destas linhas decidiu ir celebrar a 1ª Páscoa depois de 28 Páscoas consecutivas nos Jerónimos, onde teve acção directa na música litúrgica em mais de 150 celebrações do Tríduo Pascal.
A razão de ser desta nota prende-se com a influência da música coral inglesa, em geral, mas da experiência do Coro da Catedral de Westminster, em particular, na identidade do Coro de Santa Maria de Belém.
Convém não confundir com a Abadia de Westminster, que tem também excelente música, mas é uma igreja anglicana, com os seus ritos próprios.
Essa influência foi actuando directamente através dos inúmeros CDs do Coro da Catedral de Westminster no meu gosto e ideal vocal. Para além disso, estive várias vezes ao longo dos anos nesta catedral, em missas, laudes, vésperas, concertos, e habituei-me a seguir a vida da catedral através do seu site (onde aconselho vejam a dimensão do programa musical quotidiano) e através do blogue do seu anterior administrador, que diariamente partilhou detalhes da vida da catedral. E foi com enorme comoção que, há quase um ano, voltei à Catedral de Westminster, desta vez com o próprio Coro de Belém, dirigindo-o numa missa vespertina em que cantou no local exacto do coro que sempre segui e continuo a seguir.
Quem tenha ainda alguma curiosidade em saber porque cantava o nosso coro o reportório que cantava, porque usava as vestes que usava, porque cantava no local em que cantava, encontrará directamente em Westminster uma boa parte da resposta e em Regensburg (Baviera) também uma importante referência.
Mas a importância da Catedral de Westminster foi sempre tão determinante que quando, em Julho de 2009, fui a Fátima falar para coros no âmbito do Encontro Nacional de Pastoral Litúrgica, usei o exemplo desta catedral para falar da forma como a sua organização musical corresponde efectivamente às orientações do Vaticano II, em matéria de reportório, e falei também muito do lugar do coro.
Quem diria que um mês e pouco depois, seria por causa do lugar do coro que tudo começaria, ou mais propriamente, que tudo viria a acabar.
Nesta catedral, o coro é um coro de pequenos cantores. O canto do soprano é assegurado por 2 a 3 dezenas de crianças que vivem na catedral, com um regime de ensino integrado, e as restantes por cantores profissionais. O que é impressionante é que este coro canta nada mais nada menos que todos os dias na catedral, e na missa diária cantam gregoriano e polifonia (uma missa polifónica por dia) - geralmente o próprio em gregoriano e o ordinário de reportório polifónico. Aos domingos, é possível ouvir normalmente uma missa de Palestrina, Mozart ou de autores contemporâneos, pois a catedral tem o hábito de encomendar regularmente reportório para o seu coro.
E quem confrontar esta experiência com as recomendações da constituição conciliar sobre a Sagrada Liturgia, no que à Música Sacra diz respeito, não encontrará uma materialização tão fiel.
Algumas frases do maestro do Coro da Catedral de Westminster, Martin Baker, ajudam a perceber a organização espacial. Foram proferidas numa conferência que fez em Roma em 2005, nas Jornadas de Estudo no aniversário da Constituição Conciliar sobre Liturgia organizadas pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos:
• «Fazemos questão de assegurar que o coro é visto como parte integrante da liturgia. O coro e os ministros entram em conjunto enquanto o coro canta o introito gregoriano do dia. Os elementos do coro são vistos pela assembleia enquanto se dirigem ao local onde desempenham a sua função litúrgica. Através do canto na procissão de entrada, a própria palavra é iluminada pela música e pela acção. »
• Depois… «O coro canta num retro-coro atrás do altar principal, no extremo Este da Catedral. A música vem literalmente de cima, evocando a liturgia celeste. Vinda de trás da acção sagrada, a música ilumina e promove a comunicação entre o divino já que os homens se aproximam do divino através da beleza. E citando Radcliffe: A beleza não é a cobertura do bolo da liturgia, é a sua essência.»
• «O coro da catedral não poderia ser mais diferente de um coro de concerto. Enquanto que é visto no introito a caminho do seu local, não é completamente visível durante a missa e por isso não é uma distracção para os fiéis.»

Termino com o programa para os próximos dias na catedral…
Quinta Feira Santa: 18:00 Missa da Ceia: Missa Pange lingua Josquin; Dominus Iesus in qua nocte Palestrina; Ubi caritas Duruflé.
Sexta Feira Santa: 10:00 Ofício de Leitura: Eram quasi agnus Victoria; Iesum tradidit impius Victoria; Caligaverunt oculi mei Victoria; Christus factus est Anerio; 15:00 Solene Celebração da Paixão: Christus factus est Bruckner; Crux fidelis King John IV of Portugal; Passion according to John Victoria; Improperia Victoria; Civitas sancti tui Byrd; O vos omnes Casals; Lamentations of Jeremiah Tallis.
Sábado Santo: 10:00 Ofício de Leitura: Recessit pastor noster Victoria; O vos omnes Victoria; Sepulto Domino Victoria; Christus factus est Anerio; Office of Readings; 20:30 Vigília Pascal: Sicut cervus Palestrina; Exodus canticle Reid; Messe solennelle Vierne; O filii et filiae Baker; Dum transisset Taverner; Órgão: Incantation pour un jour Saint Langlais.
Domingo de Páscoa: 11:00 Missa Solene: Missa brevis Palestrina; Surrexit a mortuis Widor; Órgão: Choral-Improvisation sur le “Victimæ paschali” Tournemire. 15:30 Vésperas: Magnificat octavi toni Lassus; Moses and the Children of Israel Handel, Órgão: Paraphrase on Regina cæli Weitz. 16:45 Recital de órgão: J.S.Bach - Jesus Christus, unser Heiland BWV 665; C.Franck - Chorale No.1 in E major; Improvisation on Easter Themes.

E também algumas sugestões:
www.westminstercathedral.org.uk
www.choirschool.com

Santa Páscoa!

segunda-feira, 29 de março de 2010

Laudate


Em 1998, o coro organizou um concerto nos Jerónimos para o qual convidou o Coro Laudate de S. Domingos de Benfica. Esse concerto teve lugar no dia 29 de Março, véspera de Domingo de Ramos. O coro de Belém cantou a 1ª metade do concerto, com obras de Palestrina, D.João IV, Menegali, Carlos Seixas, Z.Kodaly e J.B.Hilber. O Coro Laudate cantou a 2ª parte, com obras de Melgás, Pedro de Cristo e F. A. de Almeida. No final, ambos os coros cantaram em conjunto o Regina Caeli de A.Lotti e Tollite hostias do Oratório de Natal de C.Saint-Saens.

domingo, 28 de março de 2010

O canto da assembleia


Dia 28 de Março de 1999 foi Domingo de Ramos e, curiosamente (face ao post anterior), foi o último ano em que se usaram os cadernos completos de cânticos da assembleia para a Semana Santa. No ano seguinte, celebrar-se-ia o Jubileu do ano 2000 que justificou a publicação de um livro de canto para a assembleia que se usou nesse ano e nos seguintes.
Por vezes, ouve-se falar tão superficialmente sobre o canto da assembleia, que nem se chega a medir o que, de facto, se faz para que esse canto possa ser viável. No que respeita aos suportes em papel (folhas com pautas, cadernos, guiões…) o coro fez, de facto, muito.
Voltaremos a este tema.

sábado, 27 de março de 2010

Devagar se vai ao longe


Dia 27 de Março de 1994 foi Domingo de Ramos e o coro inaugurou o seu primeiro caderno completo de cânticos da assembleia para a Semana Santa. Falaremos, em breve, dos diversos suportes que foram sendo preparados, ao longo dos anos, para apoiar a participação da assembleia, tanto no canto directo, como no entendimento dos textos para coro solo. Nesta celebração, o coro cantou Adoramus te Christe de Fr.Rosseli, Gloriosa Cruz de Cristo de Manuel Faria e o hino em tríptico À entrada do Senhor de Ferreira dos Santos.
Na mesma data do mês, em 1997 era Quinta Feira Santa. Na celebração da Missa da Ceia o coro cantou, entre outras coisas, O salutaris hostia de F.Liszt e Ave verum corpus de E.Elgar.
Uns anos mais tarde, em 2005, era Domingo de Páscoa. O reportório da missa solene incluiu a Missa brevis St.Joannis de Deo para coro e pequena orquestra de câmara, o motete Regina caeli de João Rodrigues Esteves e o intróito e a comunhão correspondentes ao próprio gregoriano.
Em três celebrações, de três anos diferentes, é clara a lógica progressiva da intervenção do coro. Devagar se vai ao longe.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Tempo de Páscoa

A 26 de Março, em pleno ambiente pascal, o coro apresentou-se em concerto na Sé Patriarcal de Lisboa, no ano 2000, no âmbito das já referidas Catequeses Quaresmais, com reportório alusivo ao tricentenário de Diogo Dias Melgaz.
Em 2004, no mesmo dia do mês, deu um concerto na Igreja de S.Domingos de Rana, organizado pela Câmara Municipal de Cascais e J.F.S.Domingos de Rana, com a participação do organista António Esteireiro
Em 2005, o Tríduo chegava à Vigília Pascal, onde se cantou o Alleluia – Confitemini Domino de G.B.Martini e o sempre desejado Sicut cervus de Palestrina.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Centenário de Rheinberger


Em 2001, o coro organizou uma série de 3 concertos comemorativos do centenário da morte de Josef Rheinberger, em colaboração com o organista António Esteireiro e outros instrumentistas, com a apresentação pela primeira vez em Portugal do Stabat Mater op. 138 e outras obras vocais e instrumentais.
Procurámos com este projecto, dar a conhecer o contributo deste compositor para a música sacra, campo em que a sua produção é mais significativa. Injustamente desconhecido, pelas circunstâncias em que trabalhou, com importantes papéis mas todos circunscritos à cidade de Munique e compondo nas vésperas de mudanças estéticas determinantes que viriam a abandonar linguagens como a que desenvolveu, Rheinberger reflecte influências de Bach, Mozart, Beetoven e dos primeiros românticos, produzindo um acervo de notável maestria técnica e um estilo nobre e sólido.
O primeiro destes concertos foi no dia 25 de Março, na Igreja de S. Vicente de Paulo (Bº da Serafina), no qual o Stabat Mater foi feito na versão coro e órgão. Destaque também para a apresentação por um semi-coro feminino da Missa puerorum Op. 62, e de excertos das Seis peças op. 150 para violino e órgão, com a participação de Viviena Toupikova. Miguel Farinha e Catarina Saraiva cantaram também a solo, respectivamemente, os motetes Ave Maria op. 140 nº 2 e Regina Caeli op 171, nº 1.
Os concertos seguintes foram na Igreja de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, e na Sé Catedral de Beja.
A 25 de Março mas de 2005, estávamos em pleno tríduo pascal. Era Sexta Feira Santa, e para além das peças já referidas para a adoração da cruz, cantaram-se responsórios de Frei Manuel Cardoso, Velum templi e Vinea mea.

quarta-feira, 24 de março de 2010

O harmónio da sacristia


Nos Jerónimos havia um harmónio francês muito interessante. Tentei há mais de 20 anos encontrar um patrocínio para se fazer uma revisão do instrumento mas a causa não terá merecido muito interesse da parte de quem contactei. Afinal, o evento não traria grande visibilidade. Por isso, o instrumento lá continuou na sacristia, a servir de cómoda, de onde saiu uma vez ou duas para substituir o órgão electrónico quando se avariava, pois na década de 80 o que havia na igreja era ainda e apenas um órgão electrónico daqueles com uma oitava de mini-pedaleira e o mais perfeito som a plástico. Ainda me lembro das marcas dos cigarros no órgão que, segundo consta, testemunhavam o tipo de ensaios que se fazia na igreja nos anos 70. Nos Jerónimos...
Voltando ao harmónio. Uma vez por outra, quando o tocava na sacristia, mostrava-se um instrumento poderoso, com uns graves belíssimos, e enchia todo o espaço. Daí que tenhamos arriscado desenterrar esta relíquia para um concerto que teve lugar a 24 de Março de 2002, nos Jerónimos. Foi a 3ª apresentação da Via Crucis de Franz Liszt com a participação do organista António Esteireiro.
Fez-se uma limpeza do instrumento mas não um restauro propriamente dito. Talvez por isso, ou pela dimensão do espaço, o concerto não tenha tido tanto impacto como gostariamos. Ainda estava muito vivo na memória o concerto da Sé, com o grande órgão, e o contraste foi efectivamente grande.
Em todo o caso, seria óptimo que estes harmónios, que eram originariamente instrumentos de salão, estivessem activos nas igrejas mais pequenas, onde não é viável adquirir um órgão de tubos. Pelo menos são instrumentos acústicos, e por isso autênticos.
Ficou ainda a intenção de um dia o restaurar a sério e fazer obras como a Petite Messe sollennele de Rossini.
Também a 24 de Março, mas de 2007, teve lugar uma celebração penitencial à tarde. A proposta foi nossa, pensando em que já é prática comum em muitas comunidades fazer estas celebrações. O coro cantou basicamente antífonas de entrada e comunhão da Quaresma, proporcionando um ambiente de recolhimento e meditação. Um investimento ainda considerável para uma afluencia diminuta de fiéis.
Na mesma data ainda, iniciava-te o Tríduo Pascal de 2005.

terça-feira, 23 de março de 2010

Da Paixão à Ressurreição


Dia 23 de Março de 2008 foi Domingo de Páscoa. O coro concluiu com a missa solene a sua participação nas celebrações do Tríduo Pascal (4, ao ritmo de uma por dia, de quinta a domingo), sem contabilizar ensaios e outras celebrações em que alguns participavam (laudes, vésperas e via sacra).
Nos últimos dez anos, pelo menos, a missa solene da Ressurreição, ao meio dia de Domingo de Páscoa, contava com a participação de um ensemble instrumental. Desde 2004 o modelo estabilizou numa articulação do 'próprio' gregoriano com o ‘ordinário’ de uma missa breve dos períodos barroco e clássico. Em 2008, cantou-se a Missa em Sol de A. Caldara. A razão de ser deste modelo prendia-se com a necessidade de um crescendo, da Paixão à Ressurreição, mas sobretudo com a forte presença de estrangeiros nesta missa, não como visitantes mas como participantes. Garantia-se assim uma certa internacionalização e uma aproximação aos padrões europeus das grandes igrejas.
Também a 23 de Março, mas de 1997, o coro deu um concerto na Igreja de S. Domingos de Benfica, em colaboração com o Coro Laudate de S.Domingos de Benfica, do qual partiu a iniciativa e o convite.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ao ritmo do Tríduo


Nunca a Páscoa tinha sido celebrada tão cedo pelo coro como em 2008.
A 22 de Março celebrámos a Vigília Pascal. Esta celebração iniciava-se às 22h de Sábado Santo e terminava lá para a uma e tal. Era uma celebração calma, sem turismo a perturbar. Liam-se as leituras todas previstas para a Liturgia da Palavra o que implicava escolher 7 membros do coro para cantar a solo os cânticos intercalares. Na transição para a Liturgia Eucarística, o motete Sicut cervus de Palestrina era quase sempre cantado, como aconteceu nesse ano, e como acontece na maior parte das catedrais e igrejas de referência da Europa.
Na véspera, dia 21, o coro cantou na Celebração da Paixão, às 15h. Para um coro habituado a cantar em missas, esta celebração era sempre um desafio interessante. Na Sexta feira Santa a Igreja não celebra a Eucaristia, mas propõe esta celebração centrada na Adoração da Cruz. O tipo de intervenção do coro era em muito semelhante ao que acontece com os coros nas Evensong anglicanas, isto é, o coro canta uma séria de peças sem assembleia, mas completamente integradas na celebração e por forma a interpelar os fiéis, e depois um hino muito popularizado para que estes possam cantar.
Neste rito da Adoração da Cruz os textos base eram: 1º «Adoramos Senhor a Vossa Cruz, louvamos e glorificamos a Vossa ressureição. Pela árvore da Cruz veio a alegria ao mundo inteiro.»; 2º «Meu povo, que te fiz eu? Em que te contristei? Responde-me.» e 3º «Ó cruz fiel, árvore, entre todas a mais nobre…».
A partir da música sacra histórica, estes textos eram propostos sobre a forma de motetes. Em relação ao primeiro, cantou-se nesse ano de 2008, um motete de João Rodrigues Esteves, bolseiro de D. João V a Roma. Noutros anos cantou-se também Monteverdi, Fr. Rosseli. Quanto ao segundo, cantou-se sempre a versão de Palestrina, intercalada com excertos dos impropérios em gregoriano. O único ano em que foi diferente foi em 2009 que se cantou um motete de Melgás. Finalmente, quanto ao 3º, cantou-se invariavelmente o famoso motete atribuido a D. João IV.
Por vezes, um destes textos aparecia num hino em vernáculo, mas a grande oportunidade de participação da assembleia através do canto era o hino com que se concluia a adoração, que nesse ano foi um belíssimo hino de Manuel Faria.
As palavas que havia a cantar estavam cantadas. Não se sobrecarregava mais a celebração com texto (nesse dia lê-se o Evangelho da Paixão e a Oração Universal é particularmente extensa). A música instrumental e o silêncio completavam o papel da música. Neste ano, a violoncelista Isabel Vaz tocou dois andamentos da suite nº 1 de Bach (BWV 1007), que se enquadraram na perfeição.
Aproxima-se o Domingo de Páscoa.

sábado, 20 de março de 2010

Páscoa


Este blogue tem seguido o ritmo do calendário civil, o que dificulta a abordagem da Liturgia do Tríduo Pascal, uma vez que a Páscoa é uma festa móvel. Com efeito, ainda hoje se segue a orientação do Concílio de Niceia (em 325) que decretou que a Páscoa fosse celebrada no domingo a seguir à Lua Cheia depois de 21 de Março (dia do equinócio da Primavera), o que significa que pode oscilar entre 22 de Março e 25 de Abril.
Por isso, a partir de hoje até ao dia 25 de Abril aqui falaremos das diversas celebrações da Páscoa, não só o domingo mas os dias que a antecedem e que no conjunto constituem o Tríduo Pascal, e também dos outros eventos, sobretudo concertos, em que o coro participou por estes dias, de 1990 a 2009.
A Páscoa é o centro do ano litúrgico e é a luz da sua importância primordial para os cristãos que se posicionam as outras festas do ano, como o Natal, cuja celebração é mais tardia.
Preparada ao longo de 40 dias (a Quaresma), a Páscoa implica, para um coro litúrgico uma preparação exigente e demorada. Quando se entra na Semana Santa, com a celebração de Domingo de Ramos, tudo tem de estar já ensaiado, deixando para os ultimos dias apenas uma clarificação da ordem dos ritos e das peças, dos detalhes dos horários, ensaios de colocação e logística. Sim, não estamos apenas a falar de missas, mas de celebrações que só têm lugar uma vez no ano, como a Celebração da Paixão ou da Vigília Pascal com as suas 4 grandes secções. Mesmo na Quinta Feira Santa, a missa integra o rito do 'lava pés' e termina com uma procissão de trasladação do Santíssimo. Tudo isto implica pois uma quantidade significativa de reportório, cuja qualidade tem de estar sintonizada, em proporção, com a importância destes dias no contexto do calendário litúrgico.
Para o coro, estes dias eram vividos de forma muito intensa. Implicavam muito trabalho e uma grande preocupação dada a mobilidade que sempre há nas festas de Natal e Páscoa, mas ao fim todo o cansaço que naturalmente se sentia era revigorante.
A 20 de Março de 2008, a Páscoa começou como sempre, com aquele introito da Missa da Ceia «Toda a nossa glória está na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo». Nesse dia o coro deu um enfoque especial a obras de D. Bartolucci, durante décadas mestre da Capela Papal e de Azevedo de Oliveira (ver detalhes no cartaz), no contexto da preparação da digressão a Roma que teria lugar meses depois, como já aqui foi referido.
Também para a preparação de outra digressão, desta feita a Colónia, contribui o concerto que o coro deu nos Jerónimos dia 20 de Março de 2005, com obras de autores portugueses, num programa semelhante aos já referidos concertos de Peniche e Évora desse ano.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Quaresma nos Remédios


Mais um concerto em Évora, dia 18 de Março de 2006, desta vez na bonita Igreja do Convento dos Remédios, sede da Associação Eborae Musica, que nos convidou para a sua Temporada de Quaresma. As saídas de Lisboa eram sempre momentos importantes de convívio, fora do quadro apertado dos ensaios e missas de Belém, e também uma oportunidade de cada um partilhar os seus mimos com o grupo. Esta terá sido a última vez que tivemos a Alzira connosco numa saída, com a sua caixa de lata com amêndoas torradas e os sempre esperados 'russos'.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Catequeses quaresmais

Se a memória me não falha, foi em 1998 que D. José Policarpo iniciou as suas catequeses quaresmais na Sé. O formato do 1º ano destas catequeses iniciava-se com um concerto de meia hora, a que se seguiam as vésperas onde era feita a catequese. E foi assim que o coro se apresentou em concerto na catedral, dia 15 de Março desse ano, com um breve programa a cappella.

domingo, 14 de março de 2010

Das Sete às Nove

O coro participou várias vezes no Espaço Das Sete Às Nove do Bar Terreço do CCB. A acústica era simpática e o ambiente envolvente, mas havia um pequeno grande senão: o ruído de fundo dos talheres e louça do…bar, localizado no andar de cima, de onde as pessoas espreitam por uma varanda de quadro lados. Dia 14 de Março de 2002, ali levámos polifonia sacra e a versão com piano da Via Crucis de Franz Liszt. Afinal, quando temos as igrejas cheias de música que é nitidamente proveniente de outros contextos, que diferença faz levar música religiosa a uma cafetaria?

sábado, 13 de março de 2010

Eborae Musica


Com o mesmo programa e o mesmo elenco do concerto de 5 de Março em Peniche, o coro apresentou-se em concerto na Sé de Évora a 12 de Março de 2005. Foi, de facto, um privilégio cantar na catedral eborense várias vezes, pela importância deste local na história da música portuguesa.
De toda a actividade de recuperação do património musical desta sé, destaca-se o trabalho musicológico do Cónego José Augusto Alegria, entre outros especialistas, e a militância da associação Eborae Musica, que há largos anos promove, entre muitas actividades, as Jornadas Internacionais ‘Escola de Música da Sé de Évora’.
«Da Claustra da Sé Eborense saíram os mais reputados mestres da polifonia portuguesa nos séculos XVI e XVII» refere Alegria. «Todo o contexto histórico garante e prova a verdade dos documentos, demonstrando com superior evidência que o sucesso do ensino da música em Évora se ficou devendo a uma ampla visão das realidades artísticas em função de outras realidades que eram as litúrgicas.» E conclui: «Não há dúvida de que só os organismos solidamente estruturados em bases económicas com apoio numa dinâmica espiritual conducente a fins previamente propostos, conseguem vencer as resistências dos anos e o cansaço dos homens».
Quando conheci Alegria fiquei com a impressão de uma pessoa amargurada. Percebi mais tarde, ao ler os seus livros, que também a história da música e da liturgia está marcada pela intolerância e pela ignorância. O alto nível da música nesta sé era excepcional mas também o panorama de outras igrejas portuguesas ombreava com o que de melhor se fazia lá fora, à época.
Como é possivel que hoje, na era da globalização em que todos sabemos de todos, tenhamos apenas para mostrar a memória do passado? Quem são os responsáveis por termos chegado a este deserto? Há muitos concertos, é certo, mas as acções que eram o contexto de todo este património, dispensaram-no, e não se continua a pedir aos artistas de hoje que dêem o seu melhor para que toque e inquiete aquela beleza sempre antiga e sempre nova.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Via crucis


No dia 10 de Março de 2002 o coro apresentou-se em concerto na Sé Patriarcal de Lisboa com o organista António Esteireiro. Tendo como peça única no programa a Via Crucis de Franz Liszt, que é uma peça essencialmente instrumental, o órgão teve neste concerto o papel principal, e a interpretação de António Esteireiro foi notável. Ao coro ficaram confiados os textos que fazem desta obra uma verdadeira catequese, presentes em dois corais, na abertura com o hino de Domingo de Ramos, no final, e nos comentários a vozes iguais sobre o Stabat Mater gregoriano. Porque uma ‘via sacra’ implica sempre movimento, explorámos as potencialidades cénicas do espaço pondo um semi-coro de vozes femininas a cantar cada uma destas frases num ponto diferente da igreja, fazendo ao todo um círculo que terminou no altar principal, no clímax da peça, quando um solista canta as palavras de Cristo na cruz «Meu Deus, porque me abandonastes» e o semi-coro repete a ultima frase «Tudo está consumado». Estes solos estiveram a cargo de Hugo Wever, cujas intervenções foram perfeitamente ‘a carácter’. Recordo este concerto como um dos melhores concertos do coro, em termos da ambiência criada e envolvimento da assistência, que contava com a presença discreta do bispo D. Manuel Clemente.

terça-feira, 9 de março de 2010

Música em Diálogo

No ano de 2008, o coro deslocou-se a Roma para uma 'peregrinação coral', que decidiu dedicar às conexões que, ao longo dos séculos, Portugal e a Cidade Eterna foram mantendo, na área da Música Sacra. Estas conexões referem-se, primeiro, à influência de Palestrina nos polifonistas portugueses, depois aos bolseiros que D. João V enviou a Roma e aos músicos italianos que contratou para Lisboa, entre os quais Domenico Scarlatti e, por fim, à influência do 'estilo romano' em sacerdotes portugueses que na 2ª metade do século XX foram estudar para o Pontifício Instituto Superior de Música Sacra de Roma.
Como forma de preparar a digressão, dedicaram-se os vários encontros de formação e os concertos o 1º semestre a esta temática, sob o título genérico de «Música em Diálogo».
No dia 9 de Março, realizou-se um concerto na Igreja dos Jerónimos que tomou literalmente este título. Participaram o Quarteto Arabesco e o Coro de Santa Maria de Belém que, em vez de ocuparem o 'palco' central à frente do público e actuarem em conjunto, ocuparam cada um o seu estrado, situado frente a frente dos dois lados da Nave Central. E foi assim que, em modalidade antifonal, se alternaram peças vocais e instrumentais dos compositores portugueses e romanos referidos.
Em plena Quaresma, o público teve a oportunidade de escutar ora do seu lado esquerdo ora do seu lado direito, um conjunto de peças adequadas à preparação para a Páscoa, com o retábulo da capela mor como fundo e uma cruz a pontificar todo o espaço.
Habituados a olhar hoje em dia para estas grandes igrejas como auditórios que nunca foram, nem estão acusticamente preparadas para o ser, pouco exploramos as potencialidades espaciais que nos oferecem, o efeito cenográfico de novidade, de movimento e de surpresa com que podemos mais eficazmente nelas comunicar.
Esta foi sem dúvida uma experiência singular e muito gratificante, tanto para os interpretes como para o público.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Paixão em Peniche


A 5 de Março de 2005, o coro deu um concerto na Igreja de S. Pedro de Peniche. O programa, integralmente de música portuguesa, incluiu o Magnificat Primi Toni e o motete Pater peccavi de Duarte Lobo, os responsórios de Quinta e Sexta feira Santa e o motete Aquam quam ego dabit de Frei Manuel Cardoso, os motetes In jejunio et fletu e Adjuva nos de Diogo Dias Melgás e concluiu com as Turbas da Paixão segundo S.Mateus desse mesmo compositor, que o coro apresentou várias vezes ao longo dos anos, contando na maior parte delas com a participação de Frei Fernando Ferreira OP como narrador.
Uma particularidade da apresentação das turbas da paixão nesse ano foi a utilização de um Passionário exactamente da época de Melgás, para a narrativa e diálogos em cantochão, na procura de uma reconstrução historicamente mais informada desta peça. Esta ‘inovação’ foi possível graças à colaboração do Prof. José Maria Pedrosa Cardoso, musicólogo especializado em passionários.
O concerto foi num sábado à noite e a meteorologia apenas permitiu a deslocação de autocarro até perto da igreja e regresso.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Na RTP

A 4 de Março de 2001, o coro esteve uma vez mais nos Estúdios RTP onde cantou na Missa do I Domingo da Quaresma para a RTP2. Logo de seguida, dirigiu-se para Belém, onde cantou na Missa solene dos Jerónimos.