quarta-feira, 24 de março de 2010

O harmónio da sacristia


Nos Jerónimos havia um harmónio francês muito interessante. Tentei há mais de 20 anos encontrar um patrocínio para se fazer uma revisão do instrumento mas a causa não terá merecido muito interesse da parte de quem contactei. Afinal, o evento não traria grande visibilidade. Por isso, o instrumento lá continuou na sacristia, a servir de cómoda, de onde saiu uma vez ou duas para substituir o órgão electrónico quando se avariava, pois na década de 80 o que havia na igreja era ainda e apenas um órgão electrónico daqueles com uma oitava de mini-pedaleira e o mais perfeito som a plástico. Ainda me lembro das marcas dos cigarros no órgão que, segundo consta, testemunhavam o tipo de ensaios que se fazia na igreja nos anos 70. Nos Jerónimos...
Voltando ao harmónio. Uma vez por outra, quando o tocava na sacristia, mostrava-se um instrumento poderoso, com uns graves belíssimos, e enchia todo o espaço. Daí que tenhamos arriscado desenterrar esta relíquia para um concerto que teve lugar a 24 de Março de 2002, nos Jerónimos. Foi a 3ª apresentação da Via Crucis de Franz Liszt com a participação do organista António Esteireiro.
Fez-se uma limpeza do instrumento mas não um restauro propriamente dito. Talvez por isso, ou pela dimensão do espaço, o concerto não tenha tido tanto impacto como gostariamos. Ainda estava muito vivo na memória o concerto da Sé, com o grande órgão, e o contraste foi efectivamente grande.
Em todo o caso, seria óptimo que estes harmónios, que eram originariamente instrumentos de salão, estivessem activos nas igrejas mais pequenas, onde não é viável adquirir um órgão de tubos. Pelo menos são instrumentos acústicos, e por isso autênticos.
Ficou ainda a intenção de um dia o restaurar a sério e fazer obras como a Petite Messe sollennele de Rossini.
Também a 24 de Março, mas de 2007, teve lugar uma celebração penitencial à tarde. A proposta foi nossa, pensando em que já é prática comum em muitas comunidades fazer estas celebrações. O coro cantou basicamente antífonas de entrada e comunhão da Quaresma, proporcionando um ambiente de recolhimento e meditação. Um investimento ainda considerável para uma afluencia diminuta de fiéis.
Na mesma data ainda, iniciava-te o Tríduo Pascal de 2005.

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