segunda-feira, 22 de março de 2010

Ao ritmo do Tríduo


Nunca a Páscoa tinha sido celebrada tão cedo pelo coro como em 2008.
A 22 de Março celebrámos a Vigília Pascal. Esta celebração iniciava-se às 22h de Sábado Santo e terminava lá para a uma e tal. Era uma celebração calma, sem turismo a perturbar. Liam-se as leituras todas previstas para a Liturgia da Palavra o que implicava escolher 7 membros do coro para cantar a solo os cânticos intercalares. Na transição para a Liturgia Eucarística, o motete Sicut cervus de Palestrina era quase sempre cantado, como aconteceu nesse ano, e como acontece na maior parte das catedrais e igrejas de referência da Europa.
Na véspera, dia 21, o coro cantou na Celebração da Paixão, às 15h. Para um coro habituado a cantar em missas, esta celebração era sempre um desafio interessante. Na Sexta feira Santa a Igreja não celebra a Eucaristia, mas propõe esta celebração centrada na Adoração da Cruz. O tipo de intervenção do coro era em muito semelhante ao que acontece com os coros nas Evensong anglicanas, isto é, o coro canta uma séria de peças sem assembleia, mas completamente integradas na celebração e por forma a interpelar os fiéis, e depois um hino muito popularizado para que estes possam cantar.
Neste rito da Adoração da Cruz os textos base eram: 1º «Adoramos Senhor a Vossa Cruz, louvamos e glorificamos a Vossa ressureição. Pela árvore da Cruz veio a alegria ao mundo inteiro.»; 2º «Meu povo, que te fiz eu? Em que te contristei? Responde-me.» e 3º «Ó cruz fiel, árvore, entre todas a mais nobre…».
A partir da música sacra histórica, estes textos eram propostos sobre a forma de motetes. Em relação ao primeiro, cantou-se nesse ano de 2008, um motete de João Rodrigues Esteves, bolseiro de D. João V a Roma. Noutros anos cantou-se também Monteverdi, Fr. Rosseli. Quanto ao segundo, cantou-se sempre a versão de Palestrina, intercalada com excertos dos impropérios em gregoriano. O único ano em que foi diferente foi em 2009 que se cantou um motete de Melgás. Finalmente, quanto ao 3º, cantou-se invariavelmente o famoso motete atribuido a D. João IV.
Por vezes, um destes textos aparecia num hino em vernáculo, mas a grande oportunidade de participação da assembleia através do canto era o hino com que se concluia a adoração, que nesse ano foi um belíssimo hino de Manuel Faria.
As palavas que havia a cantar estavam cantadas. Não se sobrecarregava mais a celebração com texto (nesse dia lê-se o Evangelho da Paixão e a Oração Universal é particularmente extensa). A música instrumental e o silêncio completavam o papel da música. Neste ano, a violoncelista Isabel Vaz tocou dois andamentos da suite nº 1 de Bach (BWV 1007), que se enquadraram na perfeição.
Aproxima-se o Domingo de Páscoa.

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