sábado, 2 de janeiro de 2010

Adeste fideles

Os primeiros dias do ano foram sempre para o coro dias de grande azáfama, desde que lançou a iniciativa do Concerto de Reis em 1996. A ideia era assinalar a principal festa da Igreja dos Jerónimos tendo em conta não a data da sua dedicação (que se desconhece), mas a data do lançamento da 1ª pedra do mosteiro, a 6 de Janeiro em 1501. O concerto seria como que uma ressonância da liturgia da solenidade da Epifania, que a Igreja celebra em Portugal no domingo mais próximo do dia 6.
Estava-se longe, nas primeiras edições, do acontecimento que veio a constituir este concerto, que era, no ciclo anual de vida do coro, aquele que representava a maior mobilização de meios humanos, logísticos e financeiros (esta a maior dor de cabeça da organização) a partir do momento em que se passou a fazer reportório coral sinfónico com a colaboração de várias orquestras. Mas a afluência de público, que enchia por completo a vasta igreja dos Jerónimos, justificava esse investimento, que foi também durante vários anos um pretexto de desenvolvimento do coro a nível musical.
O reportório era lido em geral antes do Verão e consolidado entre Outubro e Dezembro. Na última quinzena de Dezembro começavam os ensaios com orquestra e tudo tinha de ser preparado tendo em conta também a preparação das celebrações do Natal, em especial a da Missa da Meia Noite, e a Passagem de Ano, com a mobilidade que sempre há nesta altura do ano. O maior desafio de agenda era fazer o Concerto de Reis logo no dia 2 de Janeiro, como aconteceu no ano 2000 e em 2005.
No ano 2000, o coro apresentou-se pela 2ª vez com os Metais de Lisboa e o organista António Esteireiro, num programa dedicado a Natais Populares da Tradição Europeia, que deu origem ao 1º CD do coro, Natal em Belém, gravado em Junho desse ano na Sé Patriarcal. Estávamos no ano do Grande Jubileu do Nascimento de Cristo, e o 10º de actividade do Coro de Santa Maria de Belém. Os arranjos para quinteto de metais e órgão eram na sua maioria de Sir David Willcocks, recolhidos nas edições da Oxford University Press, e a ideia deste programa foi claramente inspirada no concerto The Bach Choir Family Carols que tem lugar no Royal Albert Hall em Londres. Para este concerto, o coro contou com a colaboração especial de Eugénio Amorim, no tratamento de dois natais portugueses (Alegrem-se os céus e a terra e o Natal da Índia Portuguesa) e contou também com a colaboração de Fernando Melro na adaptação para português de um Natal francês com arranjo de Andrew Carter. O CD viria a contemplar as transcrições para órgão desses arranjos, tocadas pelo organista António Mota.



Foi neste concerto que se convidou pela 1ª vez a assistência a cantar o Adeste Fideles, que a partir daí se passou a cantar sempre no final dos concertos de Reis. Também a partir daí se passou a usar na Liturgia da Igreja dos Jerónimos a versão de Sir David Willcocks deste popular hino atribuído a D. João IV e que é geralmente conhecido como the portuguese hymn.
Cinco anos mais tarde, a 2 de Janeiro de 2005, teve lugar a 10ª edição do concerto de Reis na qual o coro apresentou a oratória Judas Maccabaeus, de Händel, um vasto fresco bíblico com alguns coros muito populares. Foi a 3ª vez que o coro se apresentou com instrumentos antigos em concerto de Reis e também a 3ª colaboração com a Capela Real no Concerto de Reis. Depois da apresentação do Messias dois anos antes, os oratórios de Händel pareciam adaptar-se na perfeição ao figurino deste Concerto de Reis.

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