quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ainda os Reis

Foi a 7 de Janeiro que se realizou pela 1ª vez o Concerto de Reis nos Jerónimos. Estávamos em 1996, longe de imaginar que este concerto iria constituir um dos maiores desafios do coro. Iniciando com um programa a cappella, o coro contou depois com a colaboração de Ana Serro, soprano, em reportório para coro e solista de Mozart, com Carlos Silva Pereira ao órgão. A presença destes dois músicos também na Missa do Galo, durante 3 anos sensivelmente, muito contribui para uma opção em matéria de pastoral de música e liturgia que se veio a consolidar naquela missa, com a apresentação ano após ano de breves missas clássicas com o Ensemble de Santa Maria de Belém.
Na mesma data, mas no ano 2001, o Concerto de Reis nos Jerónimos contou pela primeira vez com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, que apresentou com o coro o Magnificat de Buxtehude e o Oratório de Natal de Camille Saint-Saëns.



Ainda a 7 de Janeiro teve lugar a edição de 2007, que foi a vários títulos uma edição original. Celebravam-se nesse ano os 200 anos da morte de Michael Haydn e pareceu ser a oportunidade para fazer uma missa de sua autoria com o título de Missa de S. Jerónimo, que constitui, a par do Requiem em Dó menor, uma das composições mais relevantes deste compositor infelizmente pouco conhecido e com uma vastíssima obra sacra.
Esta missa, em particular, destaca-se por um orgânico fora do comum, com seis oboés (dois solistas e quatro dobrando vozes), dois fagotes, três trombones e baixo contínuo (órgão e 3 contrabaixos!).
A importância excepcional da música na vida da cidade de Salzburg é atestada desde meados do século V e foi aí que Mozart e Michael Haydn compuseram séculos mais tarde a maioria das suas missas, ofertórios, vésperas, litanias, motetes e sonatas de igreja, que eram executadas no ambiente esplendoroso da catedral. Os testemunhos da época atestavam a singularidade do contexto: «A nossa música de igreja é muito diferente da de Itália e é-o cada vez mais; assim, uma Missa com Kyrie, Gloria, Credo, Sonata depois da Epístola, Ofertório ou Motete, Sanctus e Agnus, mesmo na missa mais solene, a que é dita pelo próprio príncipe… não deve durar mais de três quartos de hora.»
Procurando reconstituir o alinhamento de uma missa clássica executou-se também o ofertório Timete Dominum MH 256, composto para a mesma ocasião, e uma sonata 'da epístola' de Mozart, que se usava como prelúdio instrumental ao Evangelho.
O ofertório foi-nos acessível na pessoa de Eric Baude-Delhommais, Director Artístico do Ensemble Philidor (Tours) e a sonata foi reorquestrada para o orgânico da missa por Eugénio Amorim, Maestro da Sé Catedral do Porto.

Este concerto teve captação e transmissão em diferido da Antena 2.

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