segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Te Deum

A 4 de Janeiro de 1998, teve lugar a 3ª edição do Concerto de Reis nos Jerónimos, que foi a primeira a contar com uma formação instrumental, os Metais de Lisboa, e a fazer a viragem para os posteriores concertos com coro e orquestra.



O concerto iniciou-se com uma parte com coro a capella, onde se cantaram alguns motetes e alguns natais populares, seguiu depois com uma parte instrumental, com obras renascentistas que trouxeram à acustica dos Jerónimos ambiências equivalentes à da Basílica de S. Marcos em Veneza , e concluiu com uma Missa para coro e quarteto de Metais de Wolfram Menschick, mais tarde executada numa missa festiva. O nome deste compositor, na altura Mestre Capela e organista da Catedral de Eichstätt, na Alemanha, viria a ser muito familiar ao coro, pelo uso frequente das suas missas em estilo alternado, sobre materiais gregorianos, com destaque para as missas Lux et Origo, De Angelis e Missa Mundi, que se cantavam abundantemente no decurso do ano litúrgico.
Também a 4 de Janeiro, mas de 2004, o Concerto de Reis nos Jerónimos contou uma vez mais com a Capela Real e a direcção de Stephen Bull, desta vez num programa dedicado aos 300 anos sobre a morte de Marc Antoine Charpentier. Cantou-se o Te Deum H. 146, cujo prelúdio inicial é sobejamente conhecido por ser indicativo das transmissões da Eurovisão, antecedido de um belíssimo Magnificat, para coro duplo, e o motete In nativitatem Domini Canticum H. 314, mais tarde cantado em concertos e na própria liturgia de Natal. Apesar da determinação do Te Deum, na tonalidade de Ré Maior que o próprio compositor descreve como alegre e muito guerreira, este foi um concerto marcado pela subtileza de Charpentier, referido no Jornal de Trevoux, pouco tempo após a sua morte, como tendo le talent si rare d’exprimer par les tons de la musique le sens des paroles et de toucher.
A realização destes concertos nunca secundarizou a missa da solenidade da Epifania onde o coro cantava poucas horas antes. Afinal, a ideia do concerto era prolongar o ambiente festivo a partir da Liturgia, mas a complexidade dos programas exigia uma logística difícil de implementar na transição da missa para o concerto e era necessário manter os coralistas empenhados, tanto na participação na missa como no apoio às multiplas tarefas inerentes à organização do concerto.

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