terça-feira, 5 de janeiro de 2010

De Hassler a Handel

A 5 de Janeiro de 1997 o Concerto de Reis ia ainda na sua 2ª edição e nesse ano foi a única vez que o coro se apresentou a capella nesse evento, num programa onde se destacava a Missa e o Motete Dixit Maria de Hans Leo Hassler que o coro apresentou várias vezes em concerto. Cantou também 4 natais populares portugueses com harmonizações de Mário de Sampayo Ribeiro e Manuel Faria, e o Tollite hostias do Oratório de Natal de Saint-Säens. Foi um programa modesto, quando comparado com as edições seguintes, mas eram tempos onde era prioritária a definição de uma identidade vocal e o dinamismo para congregar meios ainda não estava suficientemente treinado.
Mais tarde, em 2003, o coro apresentou-se também a 5 de Janeiro com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, com a qual manteve uma colaboração durante cerca de 3 anos. Desta vez foi a apresentação do Messias e uma hora antes do concerto a fila chegava ao Museu da Marinha. O entusiasmo foi transbordante. Foi a partir deste concerto que se iniciou também uma linha gráfica de cartazes de produção ‘doméstica’, inspirados na capa da partitura do Messias da Oxford U. Press, que se prolongaria até 2009 e se afirmaria como uma marca dos concertos do coro. Na convicção de que as tradições também se criam, e não apenas se herdam, este concerto passou a identificar-se como Tradicional Concerto de Reis da Igreja dos Jerónimos.


Este concerto foi seguramente determinante no crescimento do coro, tanto no ponto de vista musical como enquanto entidade promotora na área da música sacra, pois nos anos que se seguiram o nível de exigência teve um claro incremento.
A edição de 2003 trouxe também consigo uma mudança logística, pois até aí os concertos realizavam-se à frente do altar (então localizado na zona do cruzeiro) já na transição para a nave principal, mas a enorme afluência de público fazia com que, à ultima hora, fosse necessário sentar a assistência também na zona do cruzeiro, ficando atrás do coro. Em 2003 experimentou-se uma nova localização, que se manteria até ao fim, que era à entrada da capela mor, com o coro elevado e a orquestra em baixo no espaço entre o estrado do altar e a capela mor. Conseguia-se assim acomodar melhor o público e oferecer melhores condições de audibilidade a todos quantos se sentavam na zona do cruzeiro, nas capelas laterais e nos primeiros bancos da nave central. Quanto ao fundo da igreja persistiram sempre as ‘queixas’ de que o som chegava em condições deficitárias, o que se compreende pela vastidão do templo cheio de pessoas (nos bancos e em pé). Os solistas ficavam sempre apreensivos com o efeito de distância e até de quebra acústica do grande estrado de alcatifa do altar, mesmo à frente dos executantes, que era de facto quase uma barreira, mas no fim dos concertos rendiam-se à mística do espaço e do evento bem como ao interesse do público.
Essa mudança de localização acarretou uma logística mais exigente e musculada, e confrontou o coro com a necessidade de cantar na missa anterior, ao meio dia, já no estrado do concerto, sem o conforto da orquestra e o apoio dos reforços.


O programa dos concertos de Reis foi algumas vezes repetido em parte ou na totalidade noutras igrejas, como aconteceu nos anos em referência, pois o concerto de 1996 foi antecedido de uma apresentação na Igreja da Graça, em Lisboa, a 5 de Janeiro. E a colaboração com a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras levou o coro a várias igrejas dos concelhos de Cascais e Oeiras, em concertos no mês de Dezembro, o que constituiu uma mais valia na optimização de recursos mas também uma sobrecarga de responsabilidade na agenda do coro.

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