sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FIM

O ano chegou ao fim e também este blogue, uma vez cumprido o seu propósito.
Quando há um ano falei desta ideia à Emília e ao Miguel pensava que iria escrever menos, que surgiriam outros contributos, comentários, informações complementares. Mas a partir da lista de actividades que iniciei e que o Miguel foi completando até há poucos dias (teve sempre o dom de pegar nas minhas ideias e de me ajudar a objectivar, sistematizar e concretizar), a informação parecia não ter fim, e eu próprio me surpreendi com a quantidade de eventos sobre os quais comecei a escrever.
Ainda mostrei os primeiros textos antes de os publicar, mas depois o ritmo apertou e continuei num trabalho quase solitário, na maior parte das vezes feito noite dentro. Ao contrário do que previa, escrevi muitas vezes na 1ª pessoa do singular, assumindo que esta era, entre muitas outras possíveis, uma leitura sobre a história do coro e a minha forma de fazer memória.
Escrevi também sobre as pessoas que foram cruciais no desenvolvimento do coro, e até sobre pessoas, instituições e acontecimentos exteriores que constituíram forte referência para nós, e por isso humildemente acato que o post anterior tenha sido incluído, sem prévio aviso, pelas duas outras pessoas que têm acesso ao editor do blogue. Confesso que me assustei, mas agradeço-lhes do fundo do coração o seu gesto, como agradeço a todos aqueles cujo nome não aparece nestas páginas, e que contribuíram para que o coro fosse aquilo que foi, desde coralistas, a reforços, mecenas e amigos. Deixo a amizade no fim, porque, quando verdadeira, é o que permanece depois de tudo o resto, e se o fim do coro teve alguma vantagem foi a de perceber a quantidade e sobretudo a qualidade dos nossos amigos.
Pude confirmar, ao longo do ano, até pelos muitos ecos que me chegaram sem ser pelos comentários ao blogue, que o Coro de Santa Maria de Belém constituiu efectivamente uma experiência muito singular, a vários níveis (musical, litúrgico, humano…) e conseguiu uma convergência de pessoas e vontades impossível de repetir.
Com o fim do coro muitas pessoas me propuseram retomar a actividade noutra igreja e manter o grupo, ao que fui sempre respondendo que esta experiência em concreto era irrepetível, uma vez pensada e desenvolvida em função de um espaço concreto e numa tal convergência de condições. Mas o mínimo que se impunha era fazer memória e não arrumar para um canto esta história da mesma forma com que se quis arrumar para um canto este projecto.
Também se poderia esperar que este blogue fosse um ajuste de contas ou que pretendesse aqui fazer a moral da história. Mas está tudo escrito, a obra fala por si, e não há mais nada a reclamar a quem quer que seja.
O blogue tem uma leitura diacrónica (quase 20 anos de actividade) e uma escrita sincrónica (20 anos condensados num ano). Está feito e não haverá mais publicações.
Com tempo será feita a revisão dos textos, e elementos ilustrativos. A publicação em suporte de papel é uma hipótese a considerar mas o blogue é, por definição, para ser visto aqui, enquanto possível.
Espero que este contributo, como a própria história do Coro de Santa Maria de Belém, possa constituir uma oportunidade de interrogação sobre o papel da Música na vida cultual e cultural da Igreja e na sua missão evangelizadora neste tempo que é o nosso. Uma interrogação despida de preconceitos, moralismos e conveniências, que permita a cada um, ao nível das suas responsabilidades, perceber o que deixa para a história.

PS: As estatísticas disponíveis sobre este blogue dizem-nos, à data de hoje, que o nº total de visualizações de páginas de Maio a Dezembro foi de 6 086. No mesmo período, as mensagens mais vistas foram sobre 'Vestes corais' (351 visualizações), 'Ferreira dos Santos' (117) e 'O lugar do coro' (82). Considerando ainda as visualizações por país, temos: Portugal 4 862, Brasil 577, Estados Unidos 206, França 62, Espanha 45
Holanda 37, Canadá 31, Eslováquia 28, Alemanha 25 e Reino Unido 22.

1 comentário:

  1. Como sempre, absolutamente correcto, metódico e com o espírito de enobrecer, com o seu contributo cultural, a vida da comunidade e na Igreja. Mais uma vez o meu modesto voto de admiração pela sua postura. Agora não pare...tem muito para dar ainda. Sei bem que teve muito trabalho para juntar o grupo com a qualidade que já tinha, conseguir conter a exteriorização de algum desânimo, de quando em vez, mas são as contrariedades transpostas que lhe dão razão para continuar.
    Espero voltar a ouvir mais concertos orientados por si.

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