domingo, 16 de maio de 2010

Miguel


Em quase 20 anos de existência, o coro cantou em poucos casamentos, não mais de dois por ano, em média. Os pedidos nunca foram assim muitos, e só uma minoria era exequível, pois nem sempre havia a noção exacta, da parte de quem fazia o pedido, do que representava ter um grupo com cerca de 30 pessoas disponível a um sábado ou a um domingo, para fazer um trabalho com um certo grau de exigência. Uma situação distinta era o casamento de pessoas próximas aos coralistas, como aconteceu algumas vezes, também não muitas. Foi o caso do casamento do irmão do Miguel Farinha, a 16 de Maio de 2009, na Igreja de S. Pedro de Sintra. Um acontecimento especial, sem dúvida, pela importância do Miguel para o coro e por se tratar de uma das raríssimas vezes em que o coro cantou sem a sua participação.
O Miguel, como todos lhe chamamos, foi a pessoa que esteve mais por dentro das decisões, dos planos e das realizações do coro. Desde 1995 que desempenhou as funções de Director Adjunto da Direcção Artística, que ainda não se chamava assim antes da constituição da associação. Dirigiu o coro na missa solene de 1995 a 2002, sensivelmente, no período em que eu tocava nessa mesma missa. Mas a sua marca mais forte no coro foi o seu real contributo vocal para a identidade sonora do coro, e a grande comunhão de ideias e de pontos de vista que o fizeram estar sempre por perto na procura de novo reportório e no conhecimento de experiências liturgico musicais que permitiram uma certa transferibilidade de práticas para o projecto de Belém.
Para além do coro, o Miguel esteve também na primeira linha do Serviço de Música Sacra dos Jerónimos, no desenho e na concretização das suas actividades, cantando a solo em missas e celebrações da Liturgia das Horas. Toda esta actividade fê-lo sentir necessidade de formação, e a sua dedicação a Belém revelou-se também num enorme investimento no plano pessoal, ao fazer o Curso de Canto do Conservatório Nacional, o Curso de Direcção Coral do Serviço Nacional de Música Sacra, e variadíssimos cursos corais no Verão.
Tudo isto aconteceu em paralelo com a sua carreira de professor universitário e nem um doutoramento aos 29 anos fez diminuir a sua disponibilidade e a sua postura de serviço.
Cantar no casamento do seu irmão não foi nada, ao pé do que o Miguel deu ao coro e aos Jerónimos.

3 comentários:

  1. Também eu me quero associar a esta justa homenagem ao Miguel. Sem ele o Coro de Santa Maria de Belém não teria sido o que foi. Gostei muito de trabalhar contigo, Miguel!
    Bem-hajas por tudo o que nos deste de ti mesmo.
    Beijinhos.

    Conceição Serejo
    (São)

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  2. Faço minhas as palavras da São. Obrigada Miguel!

    Emília

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  3. Subscrevo igualmente a mensagem.
    Um grade abraço do Carlos Pires para o Carlos Miguel Farinha

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