
No dia 30 de Junho de 2006 teve início o I Workshop Internacional de Polifonia Portuguesa, orientado pelo Prof. Owen Rees. Na mesma data mas em 2007, decorria já o II Workshop e o dia foi assinalado com um concerto pelo Coro do Queen's College de Oxford. O III e último Workshop começaria a 4 de Julho de 2008.
Este ciclo de 3 workshops teve como objectivo analisar e executar música coral sacra ligada às principais instituições da cidade de Lisboa, e a ideia partiu do contacto com o Prof. Owen Rees no contexto das Jornadas do Eborae Musica, dedicadas à polifonia da Sé de Évora, nas quais participei com bastante interesse durante vários anos.
O seu nome não me era novo, mas uma coisa é ouvir falar das pessoas outra bem diferente é poder falar com elas e vê-las a trabalhar. E o que mais me chamou à atenção nesta pessoa foi o facto de reunir um conjunto de qualidades excepcionais. O Prof. Owen Rees é um reputado musicólogo, que tem dedicado uma boa parte do seu estudo à polifonia portuguesa, mas é também um excelente pedagogo e um director de coro muito eficaz - tão depressa nos contextualiza uma peça e nos fala da sua linguagem, como pega num grupo de pessoas que mal se conhecem e faz um ensaio produtivo e interessante. A tudo isto alia simplicidade, humildade e discrição.
Inspirado nas jornadas de Évora o que lhe propus foi um conjunto de workshops em torno desta pergunta: haverá também um reportório coral sacro claramente identificado com a cidade de Lisboa? E assim partimos à redescoberta de Cardoso, Lobo e Magalhães, da Sé de Lisboa, da Capela Real, terminando o percurso no III workshop já com Carlos Seixas e João Rodrigues Esteves.
Em 2007 trouxe aos Jerónimos um dos seus coros, com o qual nos honrou cantando Duarte Lobo, ao lado de Byrd, Purcell, Stanford, Britten e MacMillan.
A amizade com o Prof. Rees foi crescendo de forma natural. Visitei-o em Oxford em 2008, o que me permitiu conhecer o lado menos turístico da cidade. Estavamos já em preparativos para a digressão do coro a Inglaterra, que viria a acontecer um ano depois, e na qual se destacou o concerto na Capela do Queen's College, que o Prof. organizou e para o qual convidou um auditório muito qualificado.
Já na preparação da viagem a Roma nos tinha dado uma ajuda preciosa, dando pistas para as conexões entre Lisboa e Roma, nomeadamente as missas compostas por Cardoso e Lobo sobre motetes de Palestrina.
Recordo um passeio pelos campos de Oxford em que congeminávamos já novos projectos, sustentados em frentes investigativas ainda por explorar. Não fazem agora sentido, mas há uma imensidão de coisas por explorar, independentemente do local onde estamos mais ligados.
Pelo prestígio que trouxe às nossas actividades, abertas a uma variedade de participantes, mas sobretudo pela qualidade do seu trabalho e pela sua pessoa, aqui deixamos o nosso reconhecimento de sincera gratidão.