sábado, 12 de junho de 2010

Concerto em Santo António dos Portugueses


O principal concerto da digressão a Roma teve lugar a 12 de Junho de 2008, na Igreja de Santo António dos Portugueses, uma igreja de pequenas dimensões mas grande pelo seu significado para nós portugueses, e também, diga-se com justiça, por ser uma igreja muito bela e harmoniosa. Este concerto foi possível graças à abertura e ao empenho do Reitor do Instituto Português de Santo António em Roma, Mons. Agostinho Borges que, meses antes, confirmou a sua disponibilidade e apoio. A igreja é conhecida no meio cultural pelos ciclos de concertos regulares, que Mons Borges tem vindo a dinamizar e agora mais ainda depois da instalação de um novo órgão de tubos, concebido por Jean Guillou, que estava já em construção aquando da digressão.
O programa deste concerto era o mais representativo do tema da digressão, inspirada nas fortes conexões que, no campo da música sacra, uniram Portugal (e Lisboa em particular) à Cidade Eterna, e abordou um conjunto de compositores que estudaram música em Roma e/ou ocuparam a direcção de relevantes instituições musicais dessa cidade ou ainda foram influenciados pelos mestres romanos sem mesmo terem estado em Roma.
No período renascentista, por exemplo, a influência de Palestrina foi de tal forma determinante, que Duarte Lobo e Frei Manuel Cardoso compuseram várias missas sobre os seus motetes, que conheceram através de edições que o mecenato fez circular por toda a Europa. No período barroco, D. João V mandou vir músicos profissionais de vários pontos da Europa, nomeadamente de Roma, como aconteceu com Domenico Scarlatti, criou escolas especializadas no ensino na música sacra, e enviou a Roma, como bolseiros, os melhores alunos dessa escolas, destacando-se Rodrigues Esteves, F. António de Almeida e António Teixeira. Já nos nossos dias, a reforma da música sacra em Portugal, no contexto da própria reforma da liturgia, esteve associada, entre outros factores, aos estudos superiores de música que vários sacerdotes portugueses empreenderam além fronteiras e que tiveram como destino mais frequente Roma.
Foram estas interessantes ligações que o programa desta digressão coral e deste concerto em particular procurou, ilustrando as influências, os aspectos mais individuais de cada compositor e o contributo desta interacção para o património da musica sacra que importa, ontem como hoje, cultivar e desenvolver.
Este concerto contou com o apoio especial do organista Sérgio Silva que assegurou algumas peças a solo e ainda dispendeu uma parte desse dia a afinar o órgão positivo da igreja de Santo António dos Portugueses, enquanto os coralistas visitavam a cidade. Dei-lhe algum apoio nessa tarefa o que me fez estar praticamente todo o dia já no contexto do concerto.
À noite a igreja encheu-se e o concerto foi um bom momento, denso e conciso. Esteve presente Pe. Pedro Lourenço Ferreira, O.C.D., Secretário da Comissão Episcopal de Liturgia, de visita a Roma. No fim, Mons. Borges ofereceu-nos um Porto de Honra e lá voltámos à residência.

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