quarta-feira, 30 de junho de 2010

Owen Rees


No dia 30 de Junho de 2006 teve início o I Workshop Internacional de Polifonia Portuguesa, orientado pelo Prof. Owen Rees. Na mesma data mas em 2007, decorria já o II Workshop e o dia foi assinalado com um concerto pelo Coro do Queen's College de Oxford. O III e último Workshop começaria a 4 de Julho de 2008.
Este ciclo de 3 workshops teve como objectivo analisar e executar música coral sacra ligada às principais instituições da cidade de Lisboa, e a ideia partiu do contacto com o Prof. Owen Rees no contexto das Jornadas do Eborae Musica, dedicadas à polifonia da Sé de Évora, nas quais participei com bastante interesse durante vários anos.
O seu nome não me era novo, mas uma coisa é ouvir falar das pessoas outra bem diferente é poder falar com elas e vê-las a trabalhar. E o que mais me chamou à atenção nesta pessoa foi o facto de reunir um conjunto de qualidades excepcionais. O Prof. Owen Rees é um reputado musicólogo, que tem dedicado uma boa parte do seu estudo à polifonia portuguesa, mas é também um excelente pedagogo e um director de coro muito eficaz - tão depressa nos contextualiza uma peça e nos fala da sua linguagem, como pega num grupo de pessoas que mal se conhecem e faz um ensaio produtivo e interessante. A tudo isto alia simplicidade, humildade e discrição.
Inspirado nas jornadas de Évora o que lhe propus foi um conjunto de workshops em torno desta pergunta: haverá também um reportório coral sacro claramente identificado com a cidade de Lisboa? E assim partimos à redescoberta de Cardoso, Lobo e Magalhães, da Sé de Lisboa, da Capela Real, terminando o percurso no III workshop já com Carlos Seixas e João Rodrigues Esteves.
Em 2007 trouxe aos Jerónimos um dos seus coros, com o qual nos honrou cantando Duarte Lobo, ao lado de Byrd, Purcell, Stanford, Britten e MacMillan.
A amizade com o Prof. Rees foi crescendo de forma natural. Visitei-o em Oxford em 2008, o que me permitiu conhecer o lado menos turístico da cidade. Estavamos já em preparativos para a digressão do coro a Inglaterra, que viria a acontecer um ano depois, e na qual se destacou o concerto na Capela do Queen's College, que o Prof. organizou e para o qual convidou um auditório muito qualificado.
Já na preparação da viagem a Roma nos tinha dado uma ajuda preciosa, dando pistas para as conexões entre Lisboa e Roma, nomeadamente as missas compostas por Cardoso e Lobo sobre motetes de Palestrina.
Recordo um passeio pelos campos de Oxford em que congeminávamos já novos projectos, sustentados em frentes investigativas ainda por explorar. Não fazem agora sentido, mas há uma imensidão de coisas por explorar, independentemente do local onde estamos mais ligados.
Pelo prestígio que trouxe às nossas actividades, abertas a uma variedade de participantes, mas sobretudo pela qualidade do seu trabalho e pela sua pessoa, aqui deixamos o nosso reconhecimento de sincera gratidão.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Expo'98


Há 12 anos o coro passou o dia na EXPO’98. Não porque tenha decidido organizar um dia de convívio, mas porque foi convidado para cantar no Teatro Camões, por ocasião do Dia Nacional da Santa Sé. Com efeito, esse dia foi agendado para a festa litúrgica de S.Pedro e S.Paulo, celebrada a 29 de Junho, e estiveram vários coros de igreja na EXPO, participando em palcos no exterior do recinto. Quanto a nós, tivemos o privilégio de cantar naquele auditório acabado de estrear, juntamente com coros gregorianos. Dedicámos por isso a nossa intervenção a peças do reportório gregoriano e outras, de inspiração e constraste com aquele, como a Missa Cantabo Domino de Hummel. O concerto foi muito entusiasmante e passar o resto do dia na EXPO também, mesmo com o grupo disperso como era inevitável.
Na mesma data mas em 1995 era aprovado o Regulamento do Coro de Santa Maria de Belém, pelo qual se regeu até a constituição como associação sem fins lucrativos.
Também a 29 de Junho mas de 1996, o coro cantou, em conjunto com vários coros, na Missa da Solenidade de S.Pedro e S.Paulo, com Ordenações, por ocasião do XXV Aniversário da Tomada de Posse de D.António Ribeiro como Patriarca de Lisboa.

domingo, 27 de junho de 2010

Seixal

Dia 27 de Junho de 1997, o coro deu um concerto na Igreja Paroquial do Seixal, integrado nas Festas em honra de S.Pedro. A iniciativa partiu do Pároco do Seixal e tudo apontava para um bom concerto: o Seixal é uma localidade com uma localização geográfica fantástica e uma vista magnífica sobre o estuário do Tejo, a igreja setecentista um testemunho sóbrio mas elegante do passado, e público não faltou. Esse foi precisamente o problema. A igreja estava cheia, mas como o concerto era integrado nas festas do concelho, o coro teve de cantar um programa de uma hora a cappella com gente a entrar e a sair da igreja todo o tempo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Estarreja e Espinho


No fim de semana de 25 e 26 de Junho de 1994, o coro deslocou-se ao Norte para dar um Concerto na Igreja Matriz de Estarreja, no sábado à noite, e cantar numa missa na Igreja Matriz de Espinho, no dia seguinte. O concerto começou com a reconstituição das completas gregorianas, pelas vozes masculinas, a que se seguiram motetes a cappella e peças para coro, órgão e trompete, sendo de referir a colaboração de colegas do conservatório como reforços e instrumentistas.
A missa em Espinho foi uma experiência muito interessante, sobretudo pela enorme participação da assembleia, e pela oportunidade de sermos acompanhados pelo órgão Jahn, na altura instalado há poucos anos.
Esta deslocação foi motivada por uma amiga de Estarreja que colaborou no coro enquanto estudou em Lisboa e ajudou depois a organizar estas apresentações, que contaram com apoios da Câmara Municipal de Estarreja, da Paróquia de S. Tiago e da própria família da Cláudia, que nos ofereceu um almoço fantástico no domingo.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ordem de Malta



Na tarde do dia 24 de Junho 2001, o coro cantou na Missa da Solenidade de S.João Baptista na Basílica da Estrela, por ocasião da tomada de posse de cavaleiros da Ordem de Malta. Precisamente nesse ano, o coro foi agraciado com a Ordem de Mérito Militense atribuída pela Ordem Militar de Malta.
No mesmo dia do mês, mas de 2006, tinha início o 3º fim de semana dos III Cursos Livres de Música Sacra promovidos pelo coro.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Lamego


No fim de semana de 21 e 22 de Junho de 1997, o coro deslocou-se a Lamego no final do ano pastoral, com o patrocínio da Junta de Freguesia de Sta.Maria de Belém e o apoio da Paróquia da Sé de Lamego. No sábado deu um concerto de uma hora a cappella,com a Missa Dixit Maria de Hassler e vários motetes renascentistas no programa. A catedral de Lamego é um espaço muito inspirador e este foi, como outros concertos semelhantes em catedrais portuguesas, um evento importante para a definição da identidade vocal do coro de Belém. No dia seguinte, a mesma comunidade acolheu-nos na sua missa dominical, na qual o coro cantou.

Roma revisitada

Menos de oito dias depois de chegar de Roma, já o Miguel tinha feito um cartaz que esteve afixado nas portas da igreja, com um apanhado da digressão, e que suscitou o maior interesse por parte de quem entrava e saia das missas. À semelhança do que aconteceu com Colónia, aqui ficam algumas fotos em complemento às já publicadas, das centenas que o coro teve oportunidade de rever num encontro antes de férias.













sexta-feira, 18 de junho de 2010

Petit Chanteurs de St.Germain des Prés


O coro recebeu ao longo dos anos vários coros estrangeiros. Em Junho de 1993 foi a vez dos Petit Chanteurs de St.Germain des Prés, uma igreja de referência da capital francesa que foi o epicentro do movimento dos ‘pueri cantores’ iniciado efectivamente em Paris e alastrado depois a França, outros países da Europa e aos Estados Unidos.
Na tarde do sábado 17 de Junho este coro visitante deu um concerto na Igreja dos Jerónimos e na manhã do domingo seguinte, dia 18, participou conjuntamente com o Coro de Santa Maria de Belém na missa do XVI Domingo Comum transmitida pela TVI na Igreja de Nossa Senhora de Fátima. O coro de Belém cantou o ‘próprio’ e o coro de Paris cantou o ‘ordinário’, concretamente a Missa Octavi Toni de Orlando di Lasso.
Um ano depois, no mesmo dia do ano, o nosso coro organizou uma visita de estudo ao Palácio Nacional de Mafra, com o objectivo de proporcionar uma tarde de convívio e aprendizagem. A visita incluiu não apenas o percurso habitual que todos os turistas podem fazer mas uma curta visita ao arquivo musical onde se guardam as famosas obras para vários órgãos, de Marcos Portugal, compostas para a situação específica da basílica do palácio, apetrechada com seis órgãos de tubos. Foi nessa igreja que a visita terminou, com a participação do coro numa missa vespertina.


Com a data de 18 de Junho, de 2005, há ainda registo de um casamento na Igreja de S.Pedro de Sintra, no qual o coro cantou.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

No rescaldo

As digressões foram sempre momentos importantes de convívio e estreitar de laços entre os coralistas, porque cá andava sempre tudo muito atarefado a correr para ensaios, missas, concertos e a ajudar na organização. Sobretudo as digressões a Colónia, Roma e Londres, já na era da máquina digital, permitiram registar imensos momentos não oficiais de descontracção. Isso foi o pretexto para a organização de sessões fotográficas, coincidindo com o aproximar das férias e um balanço do ano.
Aqui ficam alguns registos de Colónia.










quarta-feira, 16 de junho de 2010

Sé Velha


No dia 16 de Junho de 1996, o coro cantou na Missa do XI Dom.T.Comum na Sé Velha de Coimbra, uma pérola da arquitectura românica, regressada à traça original pelas discutíveis intervenções do início do século XX, que limparam as sés portuguesas e outras grandes igrejas da maioria dos indícios barrocos. Assim é mais fácil recuar no tempo uns oito séculos… Na véspera o coro tinha dado aí um concerto, integrado numa mini-digressão à bela cidade de Coimbra que teve o patrocínio da Junta Freguesia Sta.Mª de Belém e contou com o apoio da Paróquia da Sé Velha (Coimbra) e com o especial empenho de uma colega dos Curso de Música Litúrgica da Fátima.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Por terras lusas


No dia 15 de Junho de 1996 o coro deu um concerto a cappella na Sé Velha de Coimbra, um espaço fascinante pelo seu equilíbrio e pela sua harmonia. Foi um dos primeiros concertos neste figurino que foi sempre o modelo preferido de intervenção do coro. Manter um público interessado com um programa de 1 hora a cappella não é fácil e a resistência do coro também não é um factor a menosprezar. Esta foi uma das primeiras apresentações da Missa Dixit Maria de Hassler, que nos acompanharia em muitas actuações.
Mais tarde estes programas a cappella passaram a contar com 3 a 4 peças de órgão, que funcionavam como separadores e ajudavam o concerto a fluir com mais diversidade e interesse. Foi o que aconteceu num concerto dado também a 15 de Junho, mas de 2003, na Igreja Matriz de Salvaterra de Magos, que contou com a colaboração do organista António Sá Mota.

Na Basílica de S. Pedro


No dia 15 de Junho de 2008, o coro concluiu a sua Peregrinação Coral a Roma, cantando numa missa na Basílica Vaticana de S.Pedro, um espaço gigantesco, em área e em simbolismo. A escala do edifício é de tal ordem que nunca se faz música sem recurso a amplificação sonora. Cantar sem apoio de microfones seria a mesmíssima coisa que cantar na rua, pois não há praticamente qualquer retorno. E é também sintomático que nunca se tenha construído um órgão à escala da basílica do Papa. O órgão actualmente em funcionamento, disposto em duas secções de cada lado do Altar da Cátedra cumpre apenas uma função de acompanhamento e os poucos solos que faz, mesmo nas celebrações com menos gente, diluem-se por entre arcos, colunas e altares de tamanho esmagador. Mas o lugar impõe-se também e sobretudo pelo que significa para milhões de pessoas em todo o mundo, apesar e com todas as controvérsias da sua construção, por ser a sede do sucessor de Pedro.
Só o Papa (ou muito excepcionalmente um cardeal em sua representação) celebra no altar principal, o Altar da Confissão. Todas as outras missas são celebradas no Altar da Cátedra, na cabeceira da igreja. O coro ocupa nessas ocasiões um pequeno palanque encaixado numa das secções do órgão, junto á consola. Foi aí que o coro cantou nessa manhã de domingo.
Tudo se passou muito depressa. Primeiro as formalidades da entrada no perímetro de segurança da Praça de S. Pedro. Dois coralistas deixaram as vestes no autocarro, que já não foi fácil contactar. O organista cedeu a sua e outra coralista fez o mesmo. Entrámos. Seguimos até à zona do coro, e ali mesmo, perto do órgão, vestimos as vestes e ocupámos o nosso lugar. Não foi possível ver nada antes. Quem acompanhou a missa foi o Sérgio Silva, mas havia um músico da basílica (organista?) que ficou toda a missa junto do órgão a dar indicações. Tudo um pouco stressante. Ainda soavam algumas palavras do Prefácio e logo ele incitava o organista «já!».
À parte deste pormenor a missa correu muito bem. E passou num ápice. Fomos rapidamente tirar uma foto de conjunto mas logo nos convidávam a circular. Uf. Que lugar agitado…
Depois ficámos por ali mais uns minutos, a pensar se teríamos mesmo sido nós que haviamos cantado na missa. Ali. Naquele lugar tão importante.
E assim chegava ao fim a digressão. Mais umas horas na cidade e à tarde rumámos ao aeroporto de Roma Fiumicino, para voar para Lisboa, com escala em Madrid.
Há 12 anos, no mesmo dia tinhamos dado um concerto na pequena Sé Velha de Coimbra. Quem diria que dali a não muitos anos estariamos a cantar em S. Pedro de Roma…

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Fora de Muros


Prosseguindo a agenda da sua Peregrinação Coral a Roma, o coro deu um concerto na Basílica de S. Paulo Fora de Muros, na manhã do dia 14 de Junho de 2008.
A oportunidade deste concerto decorreu de uma inscrição num ciclo de concertos com coros visitantes promovido pela própria basílica.
Para quem não conheça o local, esta basílica é enorme. Tem bancos apenas na zona entre o altar principal e outro altar mais simples que fica na zona da cátedra. O resto da igreja costuma estar amplo, sem bancos. Vêem-se de lado pilhas de cadeiras que, nas grandes celebrações, são dispostas em toda a nave central, assegurando milhares de lugares sentados.
Esta era uma preocupação que tínhamos: Como é possível dar um concerto com 40 pessoas naquela vastidão? Nem que fossem 400... Mas a basílica, conhecendo bem as condições, propôs ao coro a zona da catedra como 'palco' e destinou ao público os bancos até ao altar, deixando livres os primeiros junto ao coro e as zonas mais laterais.
Em todo o caso, bancos não faltaram, como também não faltou um público interessado. Nem todo conseguiu ficar até ao fim, porque a basílica fica, como o nome indica, fora da cidade, e muitas pessoas se deslocam para lá em autocarros de turismo.
O programa do concerto teve uma parte comum ao do concerto de Sto António dos Portugueses, e outra parte especificamente pensada para a circunstância de ser uma manhã de sábado. Cantámos as Lamentações de Sábado Santo de F. A. Almeida e uma série de motetes marianos, por referência à memória de Santa Maria no Sábado.
À noite o coro teve o privilégio de ser recebido pelo Embaixador de Portugal em Roma, na sua residência oficial. Foi uma recepção muito simpática e acolhedora, que o coro procurou retribuir com uma intervenção informal antes de deixar a magnífica residência.
A digressão aproximava-se do fim. Só faltava cantar na Basílica de... S. Pedro! Foi isso que aconteceu na manhã do dia seguinte.

domingo, 13 de junho de 2010

Santo António


Hoje é dia de Santo António, e Lisboa está em Festa. Uma festa que nem sempre tem no centro a figura deste gigante europeu que foi António de Lisboa, de Pádua, da Europa, …um Santo Universal.
Nos Jerónimos o coro só cantou nesta festa quando ela coincidiu com o domingo, mas teve ocasião de se associar às suas celebrações fora de portas algumas vezes, e bastante significativas.
Em 1995 e em 1996, cantou com outros coros em missas campais comemorativas da VIII Centenário do Nascimento de Sto.António, a primeira na Praça da Figueira e a segunda no alto do Parque Eduardo VII. Ambas foram presididas pelo Cardeal Patriarca D. António Ribeiro.
Mas em 1998 teve a honra de cantar na Missa Solene na própria Igreja do Sto. António, promovida pela Ordem Franciscana. As missas eram seguidas e nem houve oportunidade de ensaiar no local antes desta missa solene, que foi presidida pelo Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. A pequena igreja estava cheia, nem bancos tinha para caber mais gente, e ainda me lembro do entusiasmo com que a assembleia cantava. Foi a primeira vez que ouvi uma assembleia cantar um Gloria completo, sem se limitar ao refrão «Gloria a Deus, na terra e nos céus, glória, glória, paz na terra». E lá continuou até ao Amen.
Por esta altura já tinha bem claro na minha cabeça que canto de assembleia e de coro não devem ser a mesma coisa, e que os coros podem fazer algo mais que cantar com a assembleia. Também já apostava bastante nos hinos sem refrão, na perspectiva de celebrações mais diversificadas, mas parece-me que pouco se investiu e investe nesse sentido.
Finalmente, em 2008, em plena digressão a Roma, o coro cantou neste dia na missa na Igreja de Santo António dos Portugueses, onde na véspera dera um concerto. Foi uma missa solene, com vários sacerdotes, uma igreja apinhada e onde não faltou o tradicional ‘pão de Santo António’.

sábado, 12 de junho de 2010

Concerto em Santo António dos Portugueses


O principal concerto da digressão a Roma teve lugar a 12 de Junho de 2008, na Igreja de Santo António dos Portugueses, uma igreja de pequenas dimensões mas grande pelo seu significado para nós portugueses, e também, diga-se com justiça, por ser uma igreja muito bela e harmoniosa. Este concerto foi possível graças à abertura e ao empenho do Reitor do Instituto Português de Santo António em Roma, Mons. Agostinho Borges que, meses antes, confirmou a sua disponibilidade e apoio. A igreja é conhecida no meio cultural pelos ciclos de concertos regulares, que Mons Borges tem vindo a dinamizar e agora mais ainda depois da instalação de um novo órgão de tubos, concebido por Jean Guillou, que estava já em construção aquando da digressão.
O programa deste concerto era o mais representativo do tema da digressão, inspirada nas fortes conexões que, no campo da música sacra, uniram Portugal (e Lisboa em particular) à Cidade Eterna, e abordou um conjunto de compositores que estudaram música em Roma e/ou ocuparam a direcção de relevantes instituições musicais dessa cidade ou ainda foram influenciados pelos mestres romanos sem mesmo terem estado em Roma.
No período renascentista, por exemplo, a influência de Palestrina foi de tal forma determinante, que Duarte Lobo e Frei Manuel Cardoso compuseram várias missas sobre os seus motetes, que conheceram através de edições que o mecenato fez circular por toda a Europa. No período barroco, D. João V mandou vir músicos profissionais de vários pontos da Europa, nomeadamente de Roma, como aconteceu com Domenico Scarlatti, criou escolas especializadas no ensino na música sacra, e enviou a Roma, como bolseiros, os melhores alunos dessa escolas, destacando-se Rodrigues Esteves, F. António de Almeida e António Teixeira. Já nos nossos dias, a reforma da música sacra em Portugal, no contexto da própria reforma da liturgia, esteve associada, entre outros factores, aos estudos superiores de música que vários sacerdotes portugueses empreenderam além fronteiras e que tiveram como destino mais frequente Roma.
Foram estas interessantes ligações que o programa desta digressão coral e deste concerto em particular procurou, ilustrando as influências, os aspectos mais individuais de cada compositor e o contributo desta interacção para o património da musica sacra que importa, ontem como hoje, cultivar e desenvolver.
Este concerto contou com o apoio especial do organista Sérgio Silva que assegurou algumas peças a solo e ainda dispendeu uma parte desse dia a afinar o órgão positivo da igreja de Santo António dos Portugueses, enquanto os coralistas visitavam a cidade. Dei-lhe algum apoio nessa tarefa o que me fez estar praticamente todo o dia já no contexto do concerto.
À noite a igreja encheu-se e o concerto foi um bom momento, denso e conciso. Esteve presente Pe. Pedro Lourenço Ferreira, O.C.D., Secretário da Comissão Episcopal de Liturgia, de visita a Roma. No fim, Mons. Borges ofereceu-nos um Porto de Honra e lá voltámos à residência.

Com Portugal na Alemanha


Colónia tem um conjunto significativo de exemplares de arquitectura românica, nomeadamente religiosa. A comunidade portuguesa aí residente, por exemplo, tem como igreja-sede um enorme templo localizado muito próximo da Catedral. Foi nessa igreja, Gross St.Martin, que o coro cantou na manhã de domingo dia 12 de Junho de 2005.
Para além do interesse histórico do local, foi o calor da comunidade que nos recebeu o que mais marcou este dia.
A missa foi bastante participada, mas o momento mais emocionante foi o cântico final. Tinhamos cantado a missa de Angelis com harmonizações de Bartolucci e alguns motetes, mas, antes da missa terminar, cantámos o conhecido cântico de M. Faria «Senhora nós vos louvamos». A circunstância de cantarmos em português, longe de Portugal, mas próximo de outros portugueses, teve um impacto emocional muito forte no coro, e provavelmente também na assembleia. Todos cantaram imenso, talvez mais que o coro, que ficou com um ‘nó na garganta’ e os olhos molhados. Uma daquelas situações em que, se nos calassemos, até as pedras cantariam…
Ficámos depois ainda algum tempo, a admirar a bela igreja e a conviver com a sua comunidade. E o convívio prolongou-se à noite, na Missão Portuguesa, onde não podiamos ter sido melhor recebidos, com belas iguarias e também com pequenos numeros (canções, diálogos, etc) alusivos à Festa de Santo António. Procurámos retribuir da melhor forma que conseguimos, mas estes momentos são impagáveis.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Cantar para o Papa


No dia 11 de Junho de 2008 o coro iniciou a sua digressão coral à Cidade Eterna, com um programa dedicado às fortes conexões musicais entre Portugal e Roma, em diversos períodos. Viajou de véspera, aproveitando o feriado do 10 de Junho, e instalou-se relativamente perto do Vaticano, na Casa San Juan de ribera, de umas simpáticas religiosas. Começou o dia pela fresca, vocalizando no átrio da residencial e treinando depois no exterior, enquanto aguardava o transfer, aquilo que iria cantar para o Papa em plena Praça de S. Pedro. Sempre se ambientava às hostilidades do ar livre.
Ao chegar à Pr. de S. Pedro, ocupámos um lugar fantástico, mesmo lá à frente, à direita do local onde o Papa se sentaria. Um pouco atrás, até. Devemos esta benesse às diligências da nossa coralista Ana Pessoa e Costa, que fez contactos com a Embaixada de Portugal junto da Santa Sé.
Depois é o que se sabe. A praça estava animada, com grupos de vários países. O Papa chegou, foi muito aplaudido e fez a sua catequese. Depois, ao referir os grupos presentes, iam-se ouvindo intervenções aqui e ali. Chegou a vez do nosso nome e cantámos com todo o vigor o Tu es Pedrus de Bartolucci. A espera tinha sido longa e a emoção era tanta que naquela altura o que saiu saiu. Com o Papa virado para trás, a olhar para nós com ar interessado. E soube a pouco. Eis senão quando continuou referindo-se ainda e especificamente a nós « Procurai imitar a Virgem Maria, cujo coração exultava no Senhor, não se cansando de meditar e celebrar as maravilhas do Omnipotente! No meio das amarguras da vida, sede os cantores daquela alegria com que Deus olha e abraça todas as suas criaturas. Implorando abundantes graças e as melhores prosperidades cristãs para vós e vossas famílias, dou-vos a minha Bênção.»
Relemos depois estas palavras no Observatore Romano. Palavras estranhas, agora que o Papa veio a Lisboa e aos Jerónimos já depois do coro não existir, mas que continuam actuais para todos e cada um a quem foram dirigidas, e reforçadas por aquela frase dita agora no CCB «Fazei coisas belas, mas essencialmente fazei das vossas vidas lugares de beleza».
No fim o Papa ainda passou ali bem perto, depois de cumprimentar uns noivos, e aproveitámos para o saudar, exibindo as T’shirts que mandámos fazer para a ocasião.
À tarde cantámos numa missa na Basílica de Santa Maria Maior, não no altar principal, que só é usado ao domingo, mas na capela lateral. Fomos recebidos por Mons. Miserachs, que é Mestre Capela naquela importante basílica papal e director do Pontifício Instituto de Música Sacra.
Acompanhou-nos nesta digressão a Vanda Abreu, que assegurou a reportagem fotográfica. À noite, antes de dormir, presenteava-nos com um apanhado do dia, no seu portátil, com todos espalhados por sofás, cadeiras e chão.

Na Catedral de Colónia


Dia 11 de Junho de 2005 o coro esteve em Colónia, na Alemanha. Chegou no dia anterior, que aproveitou para fazer o reconhecimento do terreno. A primeira apresentação foi integrada no Ângelus na gigantesca catedral gótica, uma celebração habitualmente utilizada para acolher os muitos turistas que visitam a catedral, proporcionando-lhes uma um tempo fruição cultural e espiritual. Quem nos recebeu foi o deão, que presidiu à cerimónia, e que no fim pousou com o coro, para umas fotos à frente da arca com as relíquias dos reis magos.
Mas antes tivémos a oportunidade de ensaiar na sala do coro da catedral, situada numa zona alta, próxima dos telhados. As condições eram fantásticas. Uma boa acústica, um bom piano de cauda, casas de banho confortáveis e imenso espaço para arrumos e mudas de roupa. Com as nossas vestes corais entrámos em cortejo e ocupámos o lugar do coro, uma enorme pianha de madeira situada numa das naves laterais, próximo do transepto. Cantámos reportório mariano, dado o evento, mas a catedral revelou-se um gigantesco desafio acústico. Mais tarde, ouvi um coro no mesmo local, a cantar numa missa, e confirmei a situação do lado da audiência – o som propaga-se, se o coro cantar bem o que se ouve é bom, mas tudo é relativisado face à escala do templo. Uma boa experiência para quem cantava habitualmente numa igreja também muito grande e acusticamente adversa.
À tarde, fomos recebidos na Igreja de St. Pantaleon para um concerto. Conforme combinado, o coro entrou discretamente durante uma celebração e, antes desta terminar, cantou o Sicut cervus de Palestrina ao fundo da igreja, causando um efeito de surpresa muito interessante. Depois foi o tempo de preparar o espaço e teve lugar o concerto propiramente dito. A organização esteve a cargo do Coro Figural, que nos presenteou depois com um imenso lanche, retribuindo a recepção que lhes haviamos feito em Belém.