sexta-feira, 30 de julho de 2010

Londres

Dia 30 de Julho de 2009 o coro partiu para a sua digressão a Inglaterra. Não sabia nessa altura que seria a sua última digressão, mas tinha consciência de que esta etapa correspondia a um certo patamar, que dizia do seu percurso, da sua história e das suas capacidades. A simples partida, com dois concertos e três celebrações na agenda, já era, apesar de toda a adrenalina pré-eventos, uma conquista.
O programa incluía efectivamente três celebrações em Londres – uma Evensong na Catedral de S. Paulo, outra na Catedral de Southwark, ambas anglicanas, e uma Missa na Catedral de Westminster, católica. Fora de Londres, o programa incluía dois concertos, ambos no mesmo dia, um dos quais em Oxford e outro no sul, em Arundel, correspondendo às nossas ligações, respectivamente, ao Prof. Owen Rees e ao Renaissance Choir.
No conjunto era um programa altamente diversificado, que nos exigia um certo à vontade em contextos muito diferentes e apresentação de reportório adequado a cada um deles.
Nos concertos privilegiámos naturalmente a música de autores portugueses, como embaixadores que sempre deveremos ser da nossa cultura quando estamos fora de portas. Já nas celebrações foi necessário recorrer a uma missa e a motetes renascentistas para a Catedral de Westminster, na linha da sua prática dominante na liturgia quotidiana, e a salmos, Magnificat, Nunc Dimitis e diálogos próprios das liturgias da palavra que constituem as Evensong anglicanas.
Mas este primeiro dia foi dedicado apenas à deslocação e à acomodação do coro. Partimos ao fim da manhã da Portela para Heathrow, onde estava a nossa espera um autocarro com uma guia, uma figura sui generis que resolveu pelo caminho contradizer as indicações que eu dei ao grupo em matéria de precauções contra a gripe. Sempre fiz questão, no mais simples concerto que implicasse uma deslocação de autocarro a outra localidade, que as pessoas não fossem num registo de excursão recreativa, desbaratando a sua energia e a sua voz a falar alto, etc. Perante a responsabilidade de cantar nestes locais numa cidade como Londres não podia deixar de ser exigente até ao fim da ultima actuação, e a descontracção com que esta senhora dizia ao microfone que a gripe só preocupava os portugueses conseguiu-me irritar, mas os seus cabelos brancos tiraram-me a hipótese de a contradizer.
Ficámos alojados num colégio, na zona de Kensington, a uns minutos de Notting Hill e este primeiro dia foi para ‘avaliar o terreno’. Uma boa meia hora para o autocarro tentar aceder ao pátio do colégio, por entre vielas estreitas e postes, para não carregar com as malas de mais longe. Distribuição de quartos, senhas de refeição, e a propriamente dita numa cantina modesta mas simpática. O perímetro do colégio incluía a nossa residência, em altura, com vistas (e ouvidos) para a linha de metro ao ar livre e, dos andares mais altos para a digna envolvente à zona, um campo de jogos, um pequeno jardim, uma biblioteca, um convento, e a cantina no prédio principal, com a sua fachada civilizada, que incluía uma bela capela neogótica, dando para a calma de Kensington square. Há meses, quando lá voltei, percebi que esta capela, católica, tem celebrações para surdos-mudos, o que é um indicador de uma pastoral digna desse nome...
A noite foi tranquila, para a maioria, com uns passeios a pé pelas redondezas, até ao Royal Albert Hall. No dia seguinte a 1ª actuação era só à tarde, pelo que havia oportunidade para turismo ou descanso durante a manhã.
A reportagem fotográfica ficou a cargo de Vanda Abreu, que ao serão nos brindava com uma mini-sessão no seu portátil com as fotos do dia. São dela as fotos deste e dos posts seguintes.








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